Rio de Janeiro, 05 de Maio de 2025

Estados Unidos e Rússia concordam em normalizar relações

Países decidem em Riad criar caminho para acabar com a guerra na Ucrânia e melhorar relações diplomáticas e econômicas. Reunião ocorre sem representantes ucranianos e de países europeus.

Terça, 18 de Fevereiro de 2025 às 14:35, por: CdB

Países decidem em Riad criar caminho para acabar com a guerra na Ucrânia e melhorar relações diplomáticas e econômicas. Reunião ocorre sem representantes ucranianos e de países europeus.

Por Redação, com DW – de Washington

Os Estados Unidos e a Rússia concordaram em nomear equipes para negociar o fim da guerra na Ucrânia e em começar a trabalhar para melhorar seus laços diplomáticos e econômicos durante uma reunião na Arábia Saudita entre o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nesta terça-feira.

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Equipes de Marco Rubio e de Serguei Lavrov se reuniram em Riad

Em entrevista à agência norte-americana de notícias Associated Press após o encontro, Rubio afirmou que os dois lados concordaram em buscar três objetivos: restaurar as equipes de suas respectivas embaixadas em Washington e Moscou, criar uma equipe de alto nível para as negociações de paz na Ucrânia e explorar uma cooperação econômica mais próxima.

Nenhum representante ucraniano esteve presente no encontro, que aconteceu em meio a um novo avanço de tropas russas sobre o território da Ucrânia. A reunião durou cerca de quatro horas e foi sediada em Riad, capital da Arábia Saudita.

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“Paz duradoura, sustentável e aceitável”

– Hoje é o primeiro passo de uma jornada longa e difícil, mas importante – disse Rubio após o encontro. Segundo ele, o presidente Donald Trump quer agir rapidamente para tentar pôr fim à guerra, e o objetivo é um acordo justo, duradouro e sustentável.

Em meio a preocupações na Ucrânia e entre aliados europeus sobre o esforço liderado pelos EUA, Rubio disse que o objetivo é um acordo que seja “aceitável para todos os envolvidos e que obviamente inclua a Ucrânia, mas também nossos parceiros na Europa e, é claro, o lado russo”.

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, as equipes trabalharão em um caminho para acabar com a guerra “de uma forma que seja duradoura, sustentável e aceitável para todos os lados”.

Rubio disse que estava convencido de que Moscou está disposta a se envolver em um “processo sério” para acabar com a guerra.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, afirmou que as próximas negociações vão focar nas disputas sobre território e garantias de segurança. “Isso precisa ser um fim permanente para a guerra e não um fim temporário, como vimos no passado”, disse Waltz.

Diálogo por cooperação econômica

O Departamento de Estado dos EUA também afirmou que os países concordaram em estabelecer bases para uma futura cooperação econômica.

– Se esse conflito chegar a um fim aceitável, as oportunidades incríveis que existem para colaborar com os russos geopoliticamente em questões de interesse comum e, francamente, economicamente em aspectos que podem ser benéficos para o mundo e melhorar nossas relações no longo prazo são imensas – disse Rubio.

As declarações do norte-americano reforçam a reviravolta na postura dos EUA em relação à Rússia. O antecessor de Trump, Joe Biden, impôs sucessivas sanções à economia russa como tentativa de isolar o país do cenário internacional e desmobilizar a invasão na Ucrânia.

Após a reunião, Lavrov sugeriu que os Estados Unidos são favoráveis à redução das sanções impostas a Moscou. “Houve um forte interesse em remover as barreiras artificiais para o desenvolvimento de uma cooperação econômica mutuamente benéfica”, declarou.

Rússia rejeita tropas da Otan em cessar-fogo

Segundo o ministro do Exterior russo, a Rússia se opõe a que países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) enviem tropas para a Ucrânia como parte de um cessar-fogo. A proposta havia sido levantada pelos americanos em conversas com líderes europeus no fim de semana passado, durante a Conferência de Segurança de Munique.

– O aparecimento de tropas das forças armadas dos países da Otan, seja sob uma bandeira estrangeira, sob a bandeira da União Europeia ou sob bandeiras nacionais, não muda nada a esse respeito. Isso é inaceitável para nós – disse Lavrov.

Para ele, as conversas foram úteis e ambos os lados ouviram atentamente um ao outro. “Tenho motivos para acreditar que o lado americano entendeu melhor nossa posição”, afirmou.

No entanto, ainda durante a reunião na capital saudita, a Rússia endureceu suas exigências por um cessar-fogo. A porta-voz do Ministério do Exterior, Maria Zakharova, disse em Moscou que não seria suficiente a Otan rejeitar a adesão da Ucrânia e que a aliança deveria ir além e descartar uma promessa feita numa cúpula em 2008 de que aceitaria o país numa data futura.

Encontro entre Trump e Putin

A reunião também teve o objetivo de abrir caminho para um encontro entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin. Após as negociações, o conselheiro de assuntos internacionais de Putin, Yuri Ushakov, disse ao canal estatal russo Channel One que ainda não há uma data definida para a reunião.

Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as conversas se concentrariam em “restaurar toda a gama de relações EUA-Rússia, além de preparar possíveis negociações para um acordo sobre a Ucrânia e a organização de um encontro entre os dois presidentes”.

Europa cobra participação nas conversas

A recente ofensiva diplomática dos EUA sobre a guerra levou a Ucrânia e seus principais aliados europeus a se mobilizarem para garantir um lugar à mesa de negociações, em meio a receios de que Washington e Moscou possam avançar em um acordo desfavorável aos países europeus.

Mesmo antes das negociações, o governo de Trump foi acusado por políticos europeus de fazer concessões gratuitas a Moscou ao descartar a adesão da Ucrânia à Otan e dizer que era uma ilusão de Kiev acreditar que poderia recuperar os 20% de seu território atualmente sob controle russo.

Uma fala do enviado especial de Trump para a Ucrânia e a Rússia no último sábado, general Keith Kellogg, acirrou ainda mais as tensões ao praticamente excluir os europeus das conversas de paz.

– Você pode ter os ucranianos, os russos e, claramente, os americanos na mesa de negociações – disse Kellogg na Conferência de Munique. Pressionado sobre se isso significava que os europeus não seriam incluídos, ele disse: “Sou da escola do realismo. Acho que isso não vai acontecer”.

Em resposta, a França convocou uma reunião de emergência com países da União Europeia e o Reino Unido nesta segunda-feira para discutir a guerra.

Em Riad, Rubio afirmou que o fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia exigiria concessões de todas as partes e que a Europa fará parte das negociações. Quando questionado sobre as sanções contra a Rússia, ele defendeu que as medidas foram impostas como consequência da invasão russa e que não foram apenas os EUA que as implementaram. “A União Europeia também terá que estar na mesa de negociações em algum momento porque eles também impuseram sanções”, afirmou.

A ausência de Kiev e da UE nas conversas desta terça-feira também irritou os ucranianos. Durante uma visita oficial à Turquia, o presidente Volodymyr Zelensky reclamou de os diálogos sobre a Ucrânia estarem ocorrendo apenas entre representantes da Rússia e dos Estados Unidos, sem a participação da Ucrânia.

– A Ucrânia e a Europa num sentido amplo, e isso inclui a União Europeia, a Turquia e o Reino Unido, devem estar envolvidas nas conversações e na criação das garantias de segurança necessárias – disse.

Ao lado de Zelensky, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que a integridade territorial e a soberania da Ucrânia são inquestionáveis e se ofereceu para sediar possíveis negociações de paz entre a Rússia, Ucrânia e os EUA.

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