Washington pune generais que lideram as Forças Armadas birmanesas, acusados de graves violações dos direitos humanos ao promover limpeza étnica contra a minoria muçulmana. Violência forçou a fuga de 740 mil rohingya.
Por Redação, com DW - de Washington
Os Estados Unidos impuseram sanções contra quatro generais de alto escalão do governo de Myanmar, incluindo o comandante em chefe das Forças Armadas e seu vice, em razão de seus papéis no massacre de membros da minoria muçulmana rohingya. Em nota, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que os quatro são responsáveis por "graves violações dos direitos humanos" envolvendo matanças extrajudiciais em uma campanha de limpeza étnica contra os rohingya, na província de Rakhine, no norte do país. A violência fez com que 740 mil pessoas fugissem para a nação vizinha Bangladesh. As sanções norte-americanas proíbem os quatro generais, bem como os membros de suas famílias, de viajarem aos Estados Unidos. Os afetados são o comandante em chefe Min Aung Hlaing, seu vice, Soe Win, e dois subordinados, Than Oo e Aung Aung. Os norte-americanos esperam que as sanções auxiliem a liderança civil a ganhar controle sobre os militares. Ao anunciar a medida, Pompeo disse que ela atinge "as mais altas lideranças militares birmanesas". "Continuamos preocupados com o fato de que o governo birmanês não tomou qualquer ação para responsabilizar os mandantes das violações dos direitos humanos e abusos, e há relatos contínuos de que militares birmaneses estejam cometendo violações e abusos em todo o país", alertou o secretário. A declaração do Departamento de Estado menciona um caso em que o comandante em chefe Min Aung Hlaing teria ordenado a libertação de soldados condenados pelas mortes extrajudiciais, o que seria "um exemplo flagrante da contínua e grave falta de responsabilização dos militares e suas lideranças". O caso contrasta com a situação de dois jornalistas birmaneses que denunciaram o massacre e ficaram presos por 16 meses, antes de serem perdoados. As medidas adotadas por Washington são a maior demonstração do descontentamento norte-americano com Myanmar desde que o país lançou reformas políticas em 2011, quando a junta militar se reconciliou com o governo dos Estados Unidos e eventualmente permitiu uma liderança política eleita.