Os espanhóis votam neste domingo no primeiro referendo sobre a nova constituição da União Européia (UE) e os simpatizantes da carta esperam que a Espanha dê o exemplo para outros povos que apóiam o bloco.
O primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, apostou sua reputação na votação, tornando os espanhóis, que só aderiram à UE em 1986, os primeiros a aprovarem o documento.
O "Sim" deverá ganhar com facilidade, mas a baixa participação pode ser uma golpe à credibilidade de Zapatero. Ele foi criticado pela oposição por ter exortado a população a votar.
As urnas foram abertas às 8h00 (5h de Brasília) com quase 35 milhões de eleitores aptos a responderem à pergunta "Você aprova o trato estabelecendo uma constituição para a Europa?"
- Eu vou votar sim - disse Raul Rodriguez, advogado de 39 anos de idade que adiou uma viagem para esqui a fim de participar da votação.
- Este é um momento histórico, mesmo que não percebamos. Quando a Europa falar com uma voz única, será a mais poderosa do mundo.
O rei Juan Carlos e a rainha Sofia também estavam entre os primeiros a votar, pouco depois da abertura das urnas.
Cerca de 106.000 policiais estão em alerta para potencial violência do grupo armado separatista basco ETA.
Na quinta-feira, a polícia disse que prendeu um homem e uma mulher em Valência com explosivos para um atanque "iminente".
Uma pesquisa feita pela empresa estatal CIS mostrou que cerca de 90 por cento dos espanhóis têm pouco conhecimento sobre a constituição de 350 páginas.
Zapatero tentou mostrar os benefícios da Europa e não a constituição.
Ao contrário dos públicos eurocêntricos da Grã-Bretanha, Dinamarca e Irlanda, os espanhóis são simpáticos à UE graças ao avanço econômico associado aos 86 bilhões de euros (112 bilhões de dólares) em subsídios nos últimos 20 anos.
A constituição precisa de ratificação de todos os 25 membros da UE para entrar em vigor.
O referendo não tem valor decisivo e o parlamento precisa aprovar a constituição. Zapatero disse que respeitará o resultado, mas a alta abstenção pode questionar a legitimidade do apoio parlamentar à constituição, dizem analistas.
O objetivo da constituição é modernizar as instituições do bloco depois da entrada de 10 novos membros, em maio de 2004. Ironicamente, a inclusão destes países mais pobres do leste e do centro da Europa provavelmente acabará com os generosos subsídios à Espanha.
Espanha vota por constituição da Europa
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Domingo, 20 de Fevereiro de 2005 às 08:24, por: CdB