As escolas francesas devem exibir a seus alunos filmes como ``A Lista de Schindler'', ``A Escolha de Sofia'' ou ``O Pianista'' para combater a ascensão dramática do anti-semitismo entre seus alunos, declarou na quarta-feira o ministro da Educação francês, Luc Ferry.
Romances, documentários e visitas a antigos campos de concentração nazistas também ajudariam a incrementar as aulas de educação cívica para ensinar tolerância e compreensão, disse Ferry, apresentando um manual novo de diretrizes sobre materiais a serem usados para combater o ódio racial.
Ferry disse que apenas cerca de 5 por cento das escolas francesas têm problemas sérios com racismo e anti-semitismo, mas que, de modo geral, o problema vem se intensificando rapidamente nos últimos três anos.
``Pela primeira vez desde a 2a Guerra Mundial, o anti-semitismo está mais difundido do que o racismo não voltado contra os judeus'', disse o ministro a jornalistas. ``Não podemos agir como se esse problema não existisse. Não podemos deixar de reagir a ele.''
O manual faz parte dos esforços que vêm sendo feitos na França e outros países da Europa para fazer frente ao anti-semitismo ligado às tensões recentes no Oriente Médio.
O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, apoia esses esforços mas contesta a afirmação de que a violência anti-semita na Europa tenha alcançado um nível semelhante ao dos anos 1930.
Ferry disse que os filmes populares que mostram a perseguição e o massacre dos judeus durante a 2a Guerra Mundial podem acrescentar uma mensagem poderosa às aulas normais de educação cívica, feitas a partir de livros didáticos.
``Quando você assiste a um filme como 'A Lista de Schindler', 'O Pianista' ou 'Shoah', você compreende a realidade do racismo e do anti-semitismo muito mais do que se apenas tivesse que ler a Declaração dos Direitos Humanos redigida pela ONU em 1948'', disse o ministro.
Além de uma lista de filmes recomendados, o manual inclui um glossário de novos termos cívicos redigido por intelectuais famosos e uma seleção de documentos históricos, ensaios, poemas e canções que visam combater o racismo e ensinar a tolerância.
Luc Ferry contou que, durante a década de 1990, a França teve cerca de 10 atos violentos de anti-semitismo e cerca de 60 ameaças verbais por ano feitas contra judeus.
Em 2000 esses números subiram para 119 ataques e 624 ameaças. O auge foi alcançado dois anos mais tarde, com 193 ataques e 731 ameaças contra judeus. Os casos de violência racista não dirigidos contra judeus subiram 205 por cento em 2002, disse o ministro.
Ferry atribuiu o número crescente de ataques às tensões entre alunos muçulmanos e judeus. ``Se estamos tendo um aumento tão grande no anti-semitismo na França, é porque alguns alunos se identificam com a causa palestina, e outros com Israel'', disse ele.
O ministro acrescentou que a nova lei francesa que proíbe o uso de símbolos religiosos em escolas estaduais tem por objetivo evitar divisões religiosas nas escolas.
Para ilustrar o problema, Ferry contou que uma professora lhe disse que pedira a seus alunos de 13 anos que escrevessem o que gostavam e o que não gostavam. Uma das respostas que ela obteve dizia: ``Gosto de futebol. Não gosto de judeus''.
Hoje em dia, disse Ferry, os jovens proferem insultos como ''judeu sujo'' com a mesma facilidade com que as pessoas diziam ''idiota'' ou ``besta''.
``As palavras viraram leves, como plumas'', disse o ministro. ''O objetivo deste manual é devolver o peso às palavras, para que os estudantes compreendam que insultos como esse já mataram, no passado.''
Entre os filmes recomendados pelo manual estão o drama ''Amistad'', sobre um navio de escravos, a farsa ``O Grande Ditador'', de Charlie Chaplin, e o filme feito do ``Diário de Anne Frank''.
Para compreender como as pessoas podem ser diferentes, as sugestões incluíram ``E.T., o Extraterres