Ainda segundo o PGR, a primeira pessoa a ser ouvida será o ministro Paulo Guedes. O ministro receberá um ofício da Procuradoria e poderá “com tranquilidade, enviar todos os esclarecimentos. Podemos também oficiar órgãos de controle. Mas não faremos nenhum juízo de valor antes disso”, acrescentou Augusto Aras
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Procurador-Geral da República (PGR) Augusto Aras pretende ouvir do ministro da Economia Paulo Guedes, como ele movimentou ativos financeiros da sua empresa offshore, a Dreadnoughts International, enquanto ocupava a cadeira de titular da pasta. A empresa, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas é em sociedade com a mulher, Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, e a filha, Paula Drumond Guedes, e faturou cerca de US$ 14 milhões nos últimos meses, com o aumento da cotação do dólar.
— Trata-se de uma notícia que foi publicada pela imprensa. Com todo respeito à mídia, não podemos fazer investigações com base em notícias. O PGR fará, como de praxe, uma averiguação preliminar. Vamos ouvir algumas pessoas e requisitar documentos. Depois é que vamos fazer um juízo de valor se é necessário pedir a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que é o foro para quando há ministros de Estado citados. Mas tudo será dentro do devido processo legal — disse Aras ao site de notícias Poder360, de centro-direita.
Ainda segundo o PGR, a primeira pessoa a ser ouvida será o ministro Paulo Guedes. O ministro receberá um ofício da Procuradoria e poderá “com tranquilidade, enviar todos os esclarecimentos. Podemos também oficiar órgãos de controle. Mas não faremos nenhum juízo de valor antes disso”, acrescentou Augusto Aras
No Congresso
As medidas para apurar o envolvimento de Guedes em um novo potencial escândalo na gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também chegam ao Congresso. Partidos de oposição vão entrar com representação no Ministério Público Federal (MPF) pedindo investigação da empresa de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
Ambos foram mencionados em reportagem publicada, mundialmente, no âmbito do projeto Pandora Papers, liderado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), formado por mais de 600 repórteres de 151 veículos em 117 países e territórios.
O Pandora Papers investigou milhões de documentos de paraísos fiscais em todo o mundo. No Brasil, participaram da apuração a Agência Pública, a revista Piauí e os sites Poder360 e Metrópoles.
‘Liberalismo’
Em suas redes sociais, o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) escreveu: “URGENTE! Eu e os demais líderes da oposição na Câmara vamos acionar o MPF para que Paulo Guedes e Roberto Campos Neto sejam investigados por manterem empresas num paraíso fiscal. A legislação brasileira proíbe que membros da cúpula do governo mantenham esse tipo de negócio”.
Já o governador maranhense, Flávio Dino (sem partido) deixou seu “resumo do dia: um cidadão tem milhões de dólares no exterior e é responsável por decisões que o tornam mais rico no seu país de origem. Então empurra a conta para as famílias via inflação nos alimentos e combustíveis. E chama tudo de ‘liberalismo”.