Uma das alternativas em estudo, tanto pela equipe econômica quanto no Congresso, para destravar o crédito às micro e pequenas empresas é o empréstimo por meio de empresas financeiras digitais, que trabalham com as conhecidas ‘maquininhas’. A alternativa era um pedido das próprias empresas do segmento.
Por Redação - de Brasíllia e São Paulo
Apenas 17% dos recursos anunciados nos programas de financiamento subscritos por setores do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) chegaram às pequenas e micro empresas brasileiras. Levantamento feito pelo Ministério da Economia e divulgado, neste domingo, em um dos diários conservadores paulistanos, mostra “a baixa execução das iniciativas do crédito quase quatro meses após começarem as medidas de isolamento”.
“Dos quase R$ 70 bilhões anunciados para quatro grandes linhas, apenas R$ 12,1 bilhões foram executados. A área do crédito é a mais problemática do pacote econômico contra a crise da Covid-19, na avaliação do próprio titular da pasta, Paulo Guedes. O ministro diz que a situação é dramática porque a demanda quadruplicou e reconhece que ele e sua equipe têm encontrado dificuldades com o tema”, afirma o levantamento.
— Tenho a maior franqueza em reconhecer que, na parte de crédito, [o desempenho] não foi satisfatório até o momento. Nós continuamos aperfeiçoando o nosso programa para o dinheiro chegar à ponta, que era a maior reclamação — disse o ministro, em comissão no Congresso na terça-feira passada.
Sem crédito
O governo apresenta fatores diversos para o fracasso das medidas, até agora. Guedes culpa os grandes bancos, que fogem do risco na hora de conceder empréstimos a empresas menores, enquanto pequenos empresários demonstrariam não ter garantias suficientes para as operações. “Ao mesmo tempo, as grandes companhias acionaram suas linhas de crédito pré-aprovadas, drenando boa parte dos recursos disponíveis no começo da crise”, acrescenta.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) constatou uma movimentação preventiva por parte de grandes e médias empresas, em março último, e recorreram a todas ou a parte das linhas de crédito que tinham à disposição, como estratégia para reforçar o caixa diante da pandemia. De acordo com setores do Ministério da Economia, não faltaram recursos porque o Banco Central (BC) liberou liquidez no sistema financeiro “e o problema maior foi a falta de apetite das instituições por risco”, pontua o relatório.
“Uma das apostas da equipe econômica para destravar recursos a empresas menores é o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O programa abasteceu com R$ 15,9 bilhões, vindos do Tesouro, o Fundo de Garantia de Operações (FGO) do Banco do Brasil. O fundo é responsável por garantir os empréstimos feitos por meio das instituições habilitadas”, indica.
Maquininhas
Uma das alternativas em estudo, tanto pela equipe econômica quanto no Congresso, para destravar o crédito às micro e pequenas empresas é o empréstimo por meio de empresas financeiras digitais, que trabalham com as conhecidas ‘maquininhas’. A alternativa era um pedido das próprias empresas do segmento, e as discussões apontam para o uso de R$ 10 bilhões do Tesouro para sustentar linhas de crédito.
Nesse caso, os empreendedores podem receber recursos em conta e pagar o empréstimo com as vendas pagas nos aparelhos.
O BC, responsável pelo programa que financia salários (o Pese) e que tem execução de apenas 10% do previsto, afirma que monitora continuamente as medidas e recebe propostas de melhorias. Segundo a autoridade monetária, o BC anunciou no dia 23 de junho uma nova série de iniciativas diante do arrefecimento do crédito cujos resultados deverão se materializar a partir deste mês.
“O BC reforça que, sempre que julgar necessário, adotará novas medidas e utilizará todas as ferramentas de que dispõe para o bom funcionamento do sistema”, conclui o BC, em nota.