Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2025

‘Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda’ chega ao Rio

Descubra a nova exposição 'Entre máscaras e gigantes' no Rio, celebrando a tradição da máscara La Ursa e quatro gerações da Família Vilela. Abertura em 11 de dezembro com oficinas e shows.

Segunda, 08 de Dezembro de 2025 às 11:08, por: CdB

A máscara La Ursa, símbolo da folia pernambucana, inspira a nova exposição do Sala do Artista Popular (SAP), que celebra quatro gerações da Família Vilela. O evento terá shows e abre em 11 de dezembro, às 17h.

Por Redação – do Rio de Janeiro

Marca registrada do carnaval de Pernambuco, dentro e fora do Brasil, a máscara La Ursa motiva a exposição Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda, nova mostra do programa Sala do Artista Popular (SAP), que será inaugurada no dia 11 de dezembro, às 17h, no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP-Iphan), no Catete. A exposição é montada a partir do legado de Julião Vilela, artesão nascido em Olinda no final do século XIX. Ao todo, quatro gerações perpetuam o legado de Julião. Filho, neto e bisneto seguiram trabalhando com a criação de máscaras.

‘Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda’ chega ao Rio | “Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda”
“Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda”

Na abertura da mostra, estarão presentes o neto e o bisneto dessa linhagem de artistas populares: João Dias Vilela Filho e o filho Mateus, além de Anderson Ezequiel Leite, colaborador, vêm ao Rio especialmente para a ocasião e conduzirão uma oficina de máscaras, das 14h30 às 16h30. Na sequência da abertura da exposição, às 17h, haverá apresentação dos grupos Favela Brass e A Bagaceira Frevo Orquestra, às 18h30. Será na área externa do Museu de Folclore Edison Carneiro. A entrada é gratuita.

Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda traz um breve panorama documental em fotos e vídeo para emoldurar a exibição das máscaras. A premiada fotógrafa Wenny Mirielle Batista Misael, a Uenni, registrou em imagens várias etapas de trabalho da casa/ateliê de João Dias Vilela Filho, em Varadouro, local próximo de onde funciona o Bazar Artístico de Julião das Máscaras, em Olinda. Essas imagens estão na exposição e no catálogo. 

Na atualidade, a La Ursa, é onipresente no carnaval de Olinda, mas vai além. Está em decorações, virou nome de restaurante, integra acervo de museus, e aparece no premiado filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça, protagonizado por Wagner Moura. A antropóloga Raquel Dias Teixeira é autora da pesquisa e do texto do catálogo da exposição.

– O público terá acesso a um universo simbólico carnavalesco profundamente enraizado na cultura popular pernambucana – destaca. Mais de 100 peças virão para a SAP, parte estará em exibição, parte no Espaço de Comercialização. Todas estão à venda; os valores giram entre R$ 100 e R$ 250. A pesquisadora ressalta outro ponto fundamental. “O ofício molda rostos e memórias do imaginário popular. Mais que objetos festivos, essas máscaras, ao habitar diferentes lugares e contextos, também expressam vínculos de parentesco, convivência e território, perpetuando um saber que une trabalho, brincadeira e invenção”, analisa.

Carnavalesco olindense

No catálogo da exposição, é possível saber um pouco mais sobre a família de Julião. De acordo com estudiosos, Julião foi um artista carnavalesco olindense, e a família se estabeleceu na cidade no final do século 19. Seu filho, João Dias Vilela, nascido em 1924, desde cedo desenvolveu habilidades manuais, seguindo os passos do pai. Participava do Pastoril realizado na tradicional Festa de Reis local. Trabalhava elaborando grandes cabeças para fantasias carnavalescas, além de mamulengos, brinquedos de madeira e outros. Chegou a produzir mais de 50 bonecos gigantes e mantinha um bazar na garagem de sua própria casa. Foi professor de artes da prefeitura.

‘Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda’ chega ao Rio | No catálogo da exposição, é possível saber um pouco mais sobre a família de Julião
No catálogo da exposição, é possível saber um pouco mais sobre a família de Julião

João Dias Vilela Filho, nascido em 1960, apesar de também carregar o codinome do avô – Julião das Máscaras –, guarda poucas lembranças dele. Em contrapartida, teve uma convivência intensa com seu pai João, acompanhando-o de perto nas diversas atividades e ofícios que exercia para garantir o sustento da família. Entre os cinco irmãos, foi o único a seguir com o artesanato, como relembra: “Sempre andei lado a lado com ele”.

Na infância, ao observar e imitar o pai no processo de criação de máscaras e bonecos, João Filho foi, pouco a pouco, aprendendo o ofício. Costuma citar como marco os 12 anos de idade, quando teria iniciado seu aprendizado. Conta que seu pai era exigente quanto à qualidade do trabalho, então levava muito “carão” e puxão de orelha quando fazia algo que ele considerava ainda não estar bom – talvez por isso tenha passado a dominar tão bem todas as técnicas envolvidas. Em certa ocasião, quando o pai adoeceu, João Filho foi chamado para substituí-lo temporariamente como professor de artes plásticas em escolas municipais de Olinda. A experiência foi decisiva: acabou tendo a carteira assinada e exercendo essa profissão até a aposentadoria. Mas, assim como o pai, também se dedicou a outras atividades ao longo da vida, sempre para garantir a própria sobrevivência.

Casou-se e teve dois filhos, Mateus e Joana. Com muito esforço, construiu uma casa no bairro do Guadalupe, a poucos metros da Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, da sede do Cariri – onde o Homem da Meia-Noite finaliza seu desfile – e também de seu bazar, onde vende principalmente máscaras e cabeças de La Ursa. Na época do Carnaval, amplia o comércio, revendendo artigos como confetes, pistolas d’água e outros adereços da folia, assim como já fazia seu pai. Ainda hoje mora nessa casa, junto da filha, espaço em que também se dá a produção artesanal das máscaras e cabeças de La Ursa.

Serviço:

Entre máscaras e gigantes: Os Juliões do carnaval de Olinda – SAP com obras da Família Julião.

Abertura dia 11 de dezembro, às 17h

Oficina de máscaras com João Dias Vilela Filho, Mateus Vitor Santos Vilela e Anderson Ezequiel Leite

Horário: 14h30 às 16h30

Após a abertura da exposição, às 18h30 apresentação dos grupos Favela Brass e A Bagaceira Frevo Orquestra

Museu de Folclore Edison Carneiro – Rua do Catete, 179. Catete – RJ. Tel. 21 3032.6052 . Mais informações: www.cnfcp.gov.br

Dias e horários de visitação: Terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h.

Recesso de final de ano: fechado dias 24, 25, 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2026. Encerramento da exposição: 25 de fevereiro de 2026

Realização: Associação Cultural de Amigos do Museu do Folclore Edison Carneiro (Acamufec) | Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto de Patrimônio e Histórico e Artístico Nacional (CNFCP-Iphan)

Edições digital e impressa