Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Empresas buscam mapa de oportunidade para Brasil e China

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Quinta, 22 de Abril de 2004 às 17:03, por: CdB

Se depender da vontade de grandes empresas brasileiras, a integração comercial com a China tende a deslanchar. O conselho empresarial para ligar os dois países, capitaneado pela Companhia Vale do Rio Doce e pela China Minmetals, faz nesta semana a primeira visita de trabalho ao Brasil e quer traçar oportunidades de negócios.

``Os chineses estão mapeando as oportunidades no exterior. Eles querem não só comprar (produtos), mas assegurar que o fluxo seja duradouro, por isso as intenções de investimento (em países como o Brasil)'', comentou o assessor especial da Vale para o Conselho Empresarial Brasil-China, Renato Amorim.

Ex-chefe da área econômica da embaixada do Brasil em Pequim, Amorim acrescentou que diversos fatores contribuem para o interesse: o crescimento da China, ``com emergência da classe média e mudança de hábitos de consumo'', as dificuldades para alimentar a população e a intenção do governo chinês de usar 400 bilhões de dólares das reservas de maneira mais rentável.

Em São Paulo nesta quinta-feira, o presidente da China Minmetals, Miao Gengshu, afirmou que o grupo estuda investimentos no setor de mineração, mas ainda não há definição. Segundo Amorim, a empresa considera investir 2 bilhões de dólares.

TOM OTIMISTA

Na sexta-feira, o grupo encontra-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos temas de reunião em Brasília será a forma de cooperação entre os dois países --o estatuto fica pronto na semana que vem.

Além da Vale, empresas de grande porte como Embraer, Petrobras e Banco do Brasil fazem parte do conselho --que será oficializado no fim de maio, durante visita do presidente à China.

Pelo lado chinês, estão presentes corporações como a China Aviation Industry, uma das duas estatais que fabricam equipamentos de aviação, e a siderúrgica Baosteel, que estuda construir com a Vale e com a Arcelor uma usina no Maranhão. O projeto anunciado em fevereiro, de 2,5 bilhões de dólares, é o maior considerado por uma empresa chinesa no Brasil neste ano.

Ao todo, compõem o conselho 22 empresas ou entidades brasileiras e 24 chinesas.

Questionado se o ritmo mais lento da recuperação econômica brasileira poderia preocupar, Amorim lembrou que são poucos os investimentos planejados com foco no consumo final. ``O grande foco ainda são produtos de base, que independem de ciclos econômicos particulares.''

O assessor também não vê com preocupação eventuais atuações do governo chinês para frear a economia. ``Há bolhas de aquecimento, o governo está tentando colocar o pé no freio, mas a China vai continuar crescendo'', justificou. ``O que estamos falando não é de parar de crescer, é de ter crescimento menos acelerado.''

Nesta quinta-feira, ações de empresas brasileiras de siderurgia e mineração sofreram na Bovespa pelo receio de que o governo chinês adote políticas monetárias restritivas para evitar o superaquecimento.

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