Espremidos entre os movimentos pró-Bolsonaro e pró-Lula, personagens do PSDB, do MDB e do establishment que os acompanha na agenda econômica acabaram buscando uma boia de salvação no alinhamento democrático à candidatura do petista.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
O cenário que se delineou no jogo eleitoral do país no último mês fez com que a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se tornasse a opção mais viável para abrigar tradicionais forças da direita liberal diante do avanço do bolsonarismo e da consequente polarização. É o que avalia a pesquisadora Carla Teixeira, do curso de doutorado em História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que acompanha com atenção o desenrolar da atual corrida presidencial.
Espremidos entre os movimentos pró-Bolsonaro e pró-Lula, personagens do PSDB, do MDB e do establishment que os acompanha na agenda econômica acabaram buscando uma boia de salvação no alinhamento democrático à candidatura do petista. Para a pesquisadora, o atual xadrez político revela uma configuração que complica a vida dos direitistas convencionais que tanto proclamaram a busca pelo chamado "centro democrático" nos últimos anos.
Ameaças
— Eu acho que a esta altura o próprio Lula se tornou o centro democrático. Em momento nenhum ele fez um discurso radical de esquerda. E talvez seja por conta dessa característica moderada do Lula que o centro democrático tenha sido esmagado pelo bolsonarismo, porque esses grupos liberais costearam demais o alambrado do golpe, a ponto de se confundirem com aquilo — afirmou.
O contexto atual é embalado ainda pelo gosto amargo que PSDB e MDB experimentaram este ano nas urnas nas eleições de nível federal. O primeiro, que elegeu 29 deputados federais em 2018 e hoje tem uma bancada com 22 membros, terá apenas 13 parlamentares na Câmara a partir de 2023.
— A gente vai ter que pensar como um centro democrático pode jogar nesse sentido porque, se esses partidos apoiarem Lula, por um lado, isso vai garantir um governo democrático que funcione e não fique à mercê de ameaças da extrema direita, mas, de outro, esses partidos vão diminuir as chances de fazer uma terceira via porque já vão estar aliados a uma das vias. Então, vai ser algo desafiador pra eles — concluiu.