Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Doria coloca Meirelles na campanha e tenta arrumar ninho tucano

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Segunda, 29 de Novembro de 2021 às 13:03, por: CdB

Na campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o ministro Paulo Guedes de 'Posto Ypiranga' para apresentar o economista-chefe de sua equipe. Segundo o tucano, no entanto, esse não é o caso. O grupo dedicado à elaboração de seu plano de governo econômico terá seis nomes de destaque da área "com o mesmo protagonismo".

Por Redação - de São Paulo
Dois dias após vencer as prévias presidenciais do PSDB, o governador João Doria confirmou nesta segunda-feira que seu secretário da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), aceitou o convite para participar da equipe e irá coordenar seu plano de governo, na área econômica. Numa referência ao atual ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não terá um "posto Ipiranga" no time.
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Doria, agora candidato do PSDB à Presidência da República, tenta juntar os cacos do ninho tucano
Na campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro usou essa expressão para apresentar o economista-chefe de sua equipe. Segundo o tucano, o grupo dedicado à elaboração de seu plano de governo econômico terá seis nomes de destaque da área "com o mesmo protagonismo". A composição completa do grupo deve ser anunciada até o fim desta semana. A economista Ana Carla Abrão é um dos nomes cotados, assim como o de Armínio Fraga. O ex-presidente do Banco Central é bem visto entre os principais interlocutores de Doria e mantém relação próxima com o governador.

Crise profunda

Em entrevista coletiva no diretório do PSDB-SP, Doria exaltou o presidente do PSDB, Bruno Araújo, e os adversários Eduardo Leite e Arthur Virgílio, mas negou que tenha convidado o governador gaúcho para coordenar sua campanha em 2022. Questionado sobre uma possível aliança com o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos), Doria fez elogios ao juiz considerado suspeito pela Corte Suprema e disse que tem um encontro marcado com ele e a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), quando voltar de uma viagem a Nova York, no próximo domingo. O governador embarcará nesta terça-feira para os Estados Unidos, onde inaugura escritório da Agência Paulista de Promoção e Investimentos (InvestSP). A agenda de Doria, no entanto, não esconde suas dificuldades para colar os cacos, no ninho tucano. Para o cientista político da Faculdade de Ciências Sociais da PUC de Campinas Vitor Bartella, as prévias do PSDB revelaram uma profunda crise enfrentada pelo partido, que se arrasta há alguns anos. — O partido perdeu sua identidade e enfrenta cisões de rumo. Apesar de ser uma vitória do Doria, não foi unânime, o que mostra a fragmentação da sigla. Portanto, apesar da escolha do candidato, está longe de ter resolvido algo no PSDB — afirmou Bartella à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

Empresário

A votação das prévias tucanas começou no último dia 21, mas foi concluída apenas quase uma semana depois, em razão de falhas e troca de aplicativos. Nas prévias, Doria recebeu 54% dos votos dos tucanos, enquanto o governador gaúcho, Eduardo Leite, teve 44%. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio obteve apenas 1,3%. Em entrevista à rede norte-americana de TV CNN, Doria disse ser “possível” uma aliança com Sergio Moro, ex-ministro da Justiça cotado como nome do Podemos para o Planalto. Para o cientista político, o tucano tende a ganhar mais com a união com o ex-juiz federal. — Moro tem visibilidade nacional, algo que Doria não tem. Do outro lado, o tucano é forte regionalmente. Uma união entre ambos pode não ser absurda, porque existem mais afinidades entre eles do que contradições. O Moro busca dialogar com a direita liberal, então, pode ser uma possibilidade — explicou. Na avaliação de Bartella, o governador de São Paulo, como todo empresário, segue a ideologia do momento e tende a surfar na onda de Sergio Moro em 2022. Ele diz o que as pessoas querem ouvir e se adapta a cada momento. — Em termos do bolsonarismo, o Moro é uma figura que puxa votos dos apoiadores de Bolsonaro, diante de um cenário onde há apoiadores firmes do atual presidente. Mas se vão conseguir alcançar o poder eleitoral do Bolsonaro é algo duvidoso — resumiu Bartella.
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