Líderes admitem que encontros entre altos funcionários dos dois governos vêm ocorrendo há meses, sem incluir a oposição liderada por Juan Guaidó. Alvo de sanções americanas, chavista se diz disposto a dialogar.
Por Redação, com DW - de Caracas/Washington
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, admitiu na terça-feira a existência de contatos entre membros de seu governo e altos funcionários de Washington, corroborando declarações dadas antes por seu homólogo norte-americano, Donald Trump.
O presidente dos EUA havia dito a repórteres na terça que seu governo mantém contato com "vários representantes da Venezuela", mas se recusou a confirmar se a Casa Branca estaria conversando com Diosdado Cabello, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, considerado o segundo político mais poderoso do país depois de Maduro.
As conversações
Trump se negou a citar nomes, mas disse que as conversações ocorrem "em nível muito alto". Oficialmente, os EUA não reconhecem o governo de Maduro, alvo de pesadas sanções econômicas impostas por Washington, e apoiam o autoproclamado presidente interino e líder da oposição, Juan Guaidó.
– Confirmo que há meses existem contatos de altos funcionários do governo dos EUA, de Donald Trump, e do governo bolivariano que presido, sob minha autorização expressa, direta, vários contatos, vários meios, para tentar regular esse conflito – disse Maduro em discurso em rede nacional.
– Isso não é novo, há meses mantemos contatos – disse o venezuelano, que afirma buscar "uma forma para que o presidente Donald Trump escute a Venezuela de verdade".
Maduro acusou funcionários da Casa Branca de transmitirem uma imagem distorcida de seu país ao presidente norte-americano. "A ele, vendem uma Venezuela de mentira, e com base nisso conspiram, ameaçam, agridem, sancionam", afirmou, para justificar os contatos até então secretos entre os dois governos.
– Se um dia o presidente Trump quiser conversar seriamente e traçar um plano para regularizar e resolver esse conflito, estaremos sempre preparados para dialogar – disse o líder venezuelano.
Os dois chefes
Os dois chefes de Estado, porém, não mencionaram Guaidó, cujo governo interino é reconhecido por mais de 50 países. Maduro rompeu relações com o EUA após o país reconhecerem o oposicionista como presidente interino, no fim de janeiro.
Guaidó, por sua vez, disse que seus representantes também mantêm encontros com autoridades americanas nos EUA. "Houve várias reuniões (...) com nossos embaixadores e com algumas instâncias do governo", afirmou.
Representantes de Guaidó e Maduro vinham mantendo diálogos mediados pela Noruega desde maio, mas o governo venezuelano suspendeu as conversações no dia 7 de agosto, em protesto à imposição de novas sanções norte-americanas.
As medidas mais recentes adotadas por Washington, anunciadas no dia 5 de agosto, incluem um bloqueio de todos os ativos venezuelanos nos EUA e estabelece sanções para qualquer empresa que realize negócios com o governo de Maduro. A isso se soma um embargo ao comercio de petróleo venezuelano, vigente desde abril.