Direto da Redação comemora dois anos
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Quarta, 08 de Junho de 2016 às 15:16, por: CdB
Por Rui Martins, de Genebra:
O segundo aniversário passou despercebido. Foi dia primeiro de junho. Há dois anos, o Direto da Redação ressurgia. Tinha deixado Miami, onde viveu 12 anos, e reencarnou em Berna, na Suíça. Deu um salto não só sobre o Atlântico, como em número de leitores e tipo de edição e manutenção.
Isso graças ao Correio do Brasil, cujo editor-chefe, Gilberto de Souza, deu um espaço autônomo para o Direto da Redação existir. Uma nova visibilidade que permitiu triplicar o número de leitores do Direto da Redação. Ao mesmo tempo, deixou de ser enviado por email para ser clicado voluntariamente pelos leitores do Correio do Brasil, na edição online.
Na verdade, o Direto da Redação, se contarmos sua vida anterior, já é adolescente, pois teria catorze anos, não fosse ter sido interrompido por três meses, mudando de editor e ganhando um novo logotipo, precedido da palavra Novo. Mas com catorze ou dois anos na reencarnação, o Direto da Redação não esquece seu criador - o jornalista e ex-apresentador de telejornais Eliakim Araújo.
Foi ele quem imprimiu sua vocação principal: a de ser uma fórum de debates aberto a ideias e críticas, nele podendo conviver colunas com conteúdos diferentes e mesmo tendências políticas opostas. Naquela época, 2002, talvez essa opção não fosse tão marcante como nos nossos dias. Era muito normal, naqueles dias, a defesa da pluralidade em lugar do pensamento único.
Porém, nestes dias de conturbada política brasileira, num processo de degenerescência imprevisível, uma importante parcela da esquerda, alijada no momento do poder, tenta dominar e se impor a todos com sua própria interpretação da realidade. Na falta de uma polícia política, procura impedir as manifestações divergentes, reservando-se o label de qualidade da verdadeira esquerda.
Na verdade, trata-se de um populismo de esquerda, baseado numa versão vulgarizada de certos princípios, desvirtuados e transformados em argumentos para permanência no poder, onde deu demonstração suficiente de incompetência.
O aniversário do Direto da Redação, que conseguiu se impor aplicando o conceito democrático da livre expressão para seu colunistas, coincide com a decisão do atual governo de cortar as verbas destinadas a uma série de blogs, pretensamente independentes, mas simples repetidores governistas ou chapas brancas, que policiavam as redes sociais.
Trata-se de uma coincidência encorajadora, num momento de tanta descrença, pois libera o espaço para a circulação de blogs autênticos e não financiados.
O novo Direto da Redação crê na liberdade de expressão e diverge do conceito de uma imprensa de partido único. A imprensa livre é um dos pilares da democracia. Mesmo com suas falhas, é ela que vem permitindo a revelação do escândalo da Lava Jato, envolvendo políticos governistas ou da oposição. Sem ela, tudo teria sido abafado.
No dizer do jornalista francês Jean-François Khan, a democracia é o menos pior dos sistemas de governo e sua grande qualidade é a de permitir a alternância no poder. O conceito de liberdade não é uma invenção burguesa mas uma necessidade existencial, impossível em qualquer tipo de ditadura.
O novo Direto da Redação estimula a publicação de opiniões divergentes que só podem enriquecer o debate e lamenta os defensores de ideologias de uma nota só.
A edição número 1 do Direto da Redação está no Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed801_uma_ressurreicao_anunciada/
Rui Martins, jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A Rebelião Romântica da Jovem Guarda, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil, e rádios RFI e Deutsche Welle.
Editor do Direto da Redação.