Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Debate: evangélicos não decidirão eleições em 2022 (1)

Arquivado em:
Terça, 12 de Outubro de 2021 às 15:06, por: CdB

O último texto por mim publicado aqui no Direto da Redação - Os evangélicos decidirão as eleições em 2022 -  falava da força eleitoral dos evangélicos, hoje cerca de 30% da população, enganados todo o tempo pelas fake news e ligados nas rádios e redes sociais bolsonaristas.  E previa seu poder decisório nas eleições em 2022. Com isso não concordaram meus amigos do blog Náufrago da Utopia, Celso Lungaretti e Dalton Rosado. Seus argumentos vão ser aqui publicados, começando com Celso Lungaretti.

Por Celso Lungaretti
DIRETO-CONVIDADO23-300x169.jpg
Lungaretti: os evangélicos não serão importantes na sucessão de Bolsonaro
Rui, meu companheiro e amigo desde a vitoriosa luta pela liberdade de Cesare Battisti em 2008/2011, não posso deixar de discordar de seus temores exagerados quanto a um jogo que já foi jogado e não tem volta possível: o Bozo é hoje mera rainha da Inglaterra, desmoralizado inclusive aos olhos dos seus seguidores mais obtusos. Doravante, ele terá de desdobrar-se em esforços para manter a si e a seus cúmplices fora das grades, enquanto o centrão governa. Nunca vai voltar a ter as chances golpistas que teve em 2019 e desperdiçou por nem de longe ser um verdadeiro líder ultradireitista, como Hitler, Mussolini e que tais. Não passa de um bufão e, como outros que deixaram a maré virar contra si (Jânio Quadros, Collor, Dilma, etc.), o tempo dos voos altos acabou para ele.
...VANDRÉ: porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente!
"pobres coitados dos quais os mercadores do templo arrancam até o último centavo"
Quanto aos zumbis evangélicos, são exatamente o que nós, da esquerda revolucionária, cansamos de escrever, afirmar e ridicularizar nas charges: pobres coitados dos quais, em tempos normais, os vendilhões do templo arrancam até o último centavo. É possível, contudo, que seus antolhos comecem a cair e a falsa consciência a ruir quando a depressão econômica atingir um nível insuportável e a miséria causar tantas ou mais mortes do que a covid provocou até agora (a conta, hoje na casa de 1 milhão de óbitos em dados reais, não dos 600 mil que a subnotificação na fonte e a manipulação das totalizações impinge aos crédulos, ainda não fechou...).
"é impossível prever até quando os pastores do bezerro de ouro continuarão mantendo o controle do seu gado"
Interessa ao poder econômico alimentar ilusões quanto à eleição presidencial de daqui a um ano, com a costumeira ajuda da força majoritária da esquerda (que tudo fez para sabotar a luta obrigatória pelo impeachment, cumprindo o deplorável papel de facilitador de genocídio), mas o certo é que ninguém em sã consciência pode prever quando a miséria do povo brasileiro se tornará tão insuportável que se repetirão por aqui as explosões sociais que pipocaram pelo mundo inteiro em 2019. E, num cenário tão cheio de incógnitas, é igualmente impossível prever até quando os pastores do bezerro de ouro continuarão mantendo o controle do seu gado. O Rui está certo de que o fanatismo cego irá até as últimas consequências, como aconteceu nos episódios de Jim Jones e de Antônio Conselheiro. Eu considero uma incógnita. Bufão sacrílego brincando de arminha na Marcha para Jesus; o Bozo nunca foi um Hitler ou Mussolini. Nada indica, contudo, que, mesmo havendo eleição em outubro de 2022 conforme o calendário eleitoral estipula, os evangélicos venham, contra todas as evidências e todas as pesquisas de opinião, a decidi-la em favor daquele que hoje não passa de um defunto político à espera do rabecão que o levará à cova ou da viatura que o conduzirá à prisão.
Bufão sacrílego brincando de arminha na Marcha para Jesus; o Bozo nunca foi um Hitler ou Mussolini.
Deixemos os mortos enterrarem os seus mortos e cuidemos dos vivos: nossa absoluta prioridade é tirarmos grande parte do nosso povo da situação de penúria subumana a que foi reduzido pelo catastrófico governo do Bozo. Quanto aos riscos futuros de os evangélicos se tornarem uma força política, é uma perspectiva demasiado distante para merecer nossa atenção hoje e agora. De qualquer forma, é possível desde já afirmar que isto só se dará sob lideranças bem diferentes, pois as atuais só querem mesmo é entrar na lista dos bilionários da Forbes. (por Celso Lungaretti, jornalista, blogueiro editor do Náufrago da Utopia, escritor e ex-preso político). Direto da Redação é um fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo