O Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou no mês avanço de 3,40% na comparação com setembro, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , maior alta da série histórica iniciada em janeiro de 2014.
Por Redação - do Rio de Janeiro
A crise econômica, longe de um refresco aos bolsos dos brasileiros, cobra caro sobre o prejuízo à economia do país e, nesta quinta-feira, pesquisa mostra que os preços ao produtor no Brasil registraram em outubro a maior alta da série histórica. Trata-se de um reflexo, principalmente, do aumento dos alimentos e dos produtos da indústria extrativa.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) registrou no mês avanço de 3,40% na comparação com setembro, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , maior alta da série histórica iniciada em janeiro de 2014.
Esse foi o 15º aumento seguido na base mensal e mostrou forte aceleração ante a alta de 2,34% vista em setembro. Em 12 meses, o indicador acumula avanço de 19,08%, ante 15,86% em setembro. Em outubro, 23 das 24 atividades tiveram alta de preços, contra 21 em setembro.
Comparação
A atividade de alimentos, que tem o maior peso no índice geral, respondendo por cerca de um quarto do indicador, subiu 4,60% no mês. Em 12 meses, o avanço acumulado chega a 35,89%, maior variação da série.
— Em termos de grupo, os preços dos produtos de fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais e de fabricação e refino de açúcar tiveram variações acima da média do setor na comparação de outubro contra setembro, de 13,48% e 4,98%, respectivamente — explicou aos repórteres o gerente da pesquisa, Alexandre Brandão.
Destaque também para as indústrias extrativas, cujos preços subiram 9,71%, sétima alta consecutiva no ano. De acordo com o IBGE, o resultado tem influência da desvalorização do real contra o dólar, bem como do movimento dos preços internacionais de óleo bruto de petróleo e minérios de ferro e seus concentrados.
Inflação
Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também concedeu entrevista nesta quinta-feira — a terceira da semana — as expectativas de inflação para 2021 estão caminhando mais para perto da meta nas últimas duas semanas. Mas a autoridade monetária não tem nenhum sinal de que há “alguma coisa saindo muito acima da meta, nada desse tipo”, acrescentou..
Com o foco nas inflações implícitas mais longas, ele avaliou que elas basicamente não oscilaram nesse tempo.
— Não é só o Banco Central que não acha que a inflação um pouco mais longa não está subindo. O mercado também não acha. Então isso é importante frisar — afirmou ele, em entrevista gravada ao canal do YouTube MyNews na véspera, mas veiculada nesta quinta-feira.
Juros
A meta de inflação para este ano é de 4%, para o ano que vem de 3,75%, e para 2022 de 3,5%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Campos Neto destacou que o BC já não tem instrumentos capazes de agir sobre a inflação em 2020, dado o avançado do ano e o tempo necessário para transmissão da sua atuação sobre os juros. O horizonte relevante para a política monetária, portanto, é de 2021 e 2022.
No boletim Focus mais recente, as expectativas para o IPCA são de IPCA de 3,45% este ano, 3,40% no ano que vem e 3,5% em 2022. Campos Neto também reafirmou que os componentes geradores da inflação mais alta, nesse momento, são passageiros e pontuou que a autoridade monetária está “sempre prestando atenção em tudo que está acontecendo”.
O presidente do BC também voltou destacar a importância do país se comprometer com a disciplina fiscal, associando o comportamento recente dos títulos públicos às incertezas sobre como o país retomará a trajetória de sustentabilidade para as contas públicas após os expressivos gastos no enfrentamento à pandemia de covid-19.