Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Crédito restrito e inflação levam a queda nas vendas do varejo

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Quinta, 12 de Junho de 2014 às 08:19, por: CdB
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As vendas no varejo brasileiro voltaram a crescer em outubro do ano passado, mas fraquejaram em maio deste ano
As vendas no varejo brasileiro recuaram 0,4% em abril sobre março, segundo mês seguido de queda, apontando que a fraqueza do consumo se estendeu para o início do segundo trimestre com inflação elevada e crédito restrito. Em março, as vendas haviam recuado 0,5%, depois de terem ficado estagnadas no mês anterior. Na comparação com abril do ano passado, as vendas subiram 6,7%, após queda de 1,1% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

Nesse caso, entretanto, o IBGE destacou que o número foi inchado porque a Páscoa ocorreu em abril neste ano, enquanto em 2013 foi em março. Os número mensal foi ligeiramente pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters, cuja mediana apontava queda de 0,20%, mas o dado anual ficou acima da projeção de avanço de 6,20%.

– A inflação impacta mais supermercados, o crédito está mais restrito.. e a renda disponível está menor com despesas e inadimplência – afirmou à agência inglesa de notícias Reuters o economista do IBGE Nilo Lopes, acrescentando que o consumidor também está mais cauteloso sobre o futuro.

A fraqueza foi generalizada entre as atividades, com seis das oito pesquisadas no varejo restrito registrando retração na comparação mensal em volume de vendas. Entre os destaques, ficou o recuo de 1,4% nas vendas em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Também mostraram queda mensal Livros, jornais, revistas e papelaria (2,7%) e para Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,6%).

O IBGE informou ainda que apenas a atividade Outros artigos de uso pessoal e doméstico mostrou leve expansão no período, de 0,3%, enquanto Artigos farmacêuticos ficou estagnado.

– Quando os alimentos sobem de preços, as pessoas gastam menos ou substituem marcas, o que resulta em despesas menores – afirmou Lopes.

A inflação em 12 meses tem ficado acima de 6%, próximo ao teto da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo subiu 0,60%% em abril sobre março e avançou 13,50% na comparação anual.

Mercado de automóveis

Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, teve alta de 0,6% em abril na base mensal, influenciado pelo avanço de 5,4% em Veículos e motos, partes e peças.

– O crédito está mais restrito este ano, mas há sinais da retomada de crédito para o segmento de veículos, o que pode explicar o crescimento das vendas – acrescentou Lopes.

As vendas varejistas no país mostraram perda de força ao longo dos três primeiros meses do ano, em um cenário de inflação persistentemente alta e aumento de juros após ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central, que elevou a Selic para os atuais 11%. Isso encarece o crédito e afeta a confiança do consumidor, que recuou em abril e maio e atingiu o menor nível desde abril de 2009.

– O cenário para as vendas no segundo trimestre de 2014 continua fraco dada moderação no fluxo de crédito e significativa deterioração observada na confiança do consumidor em abril e maio – avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.

No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,2% sobre últimos três meses do ano passado. E as expectativas são de expansão de menos de 1,5% em 2014 fechado, abaixo dos 2,5% vistos no ano passado.

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