O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou em sua última reunião, na semana passada, que os resultados recentes da inflação e as projeções de curto e médio prazos sugerem a "consolidação de um ambiente favorável" também em horizontes mais longos. É o que revela, nesta quinta-feira, a ata da reunião realizada nos dias 30 e 31 de maio, que reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 15,75% para 15,25% ao ano. De acordo com o colegiado de diretores do BC, a atividade econômica está em ritmo condizente com as condições de oferta, de modo a não pressionar a inflação.
Além disso, o cenário externo também permanece favorável, apesar da oscilação observada nos mercados financeiros, nas últimas semanas, por causa das incertezas sobre as taxas de juros na Europa e Estados Unidos, e também porque os preços do petróleo se mantêm em níveis historicamente elevados. Apesar disso e da elevação nos preços internacionais de alguns produtos minerais e agrícolas (commodities), o que se traduz em risco adicional para a evolução dos preços internos, o Copom assegura que "continua se configurando um cenário benigno para a trajetória da inflação".
Tal como na reunião de abril, o Copom enfatiza que o principal desafio no momento é "garantir a consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o futuro".
A ata do Copom diz que as mudanças mais significativas entre as reuniões de abril e maio ocorreram no cenário externo, em função do reordenamento abrupto de investimentos, provocado pela incerteza sobre a intensidade e a duração do ciclo de alta da taxa de juros norte-americana, com aumentos na cotação do dólar e do risco-Brasil.
Na avaliação do Copom, no entanto, "essa instabilidade não configura um quadro de crise", porque tem caráter transitório, e também "graças aos fundamentos sólidos da economia brasileira".
O documento enfatiza que a redução consistente da inflação, os vultosos e consistentes superávits comerciais, a geração de superávits primários adequados, a recomposição das reservas internacionais, a melhora do perfil da dívida pública interna e a recompra de títulos soberanos no mercado internacional "têm tornado o país cada vez mais resistente a choques". Por essa razão, o Copom acredita na baixa probabilidade de comprometimento das condições de financiamento do país.
Com base no cenário traçado todas as semanas pelo Banco Central depois de ouvir analistas financeiros, a ata do Copom afirma que as expectativas de inflação para este ano estão abaixo da meta de 4,5%, e as expectativas para o ano que vem também estão alinhadas com a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Esse desenvolvimento sugere, segundo o Copom, que as decisões de política monetária têm contribuído para consolidar um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável, em horizontes mais longos.