Segunda, 21 de Fevereiro de 2022 às 12:19, por: CdB
A maior queda ocorreu nos televisores, de 15,5%, seguida pelos eletroportáteis (-7,2%) e eletrodomésticos da linha branca, como fogões, geladeiras e lavadoras, com retração de 4,5%. A única linha cujas vendas cresceram no ano passado foi a de aparelhos de ar condicionado, que avançou 4,8%, somando 4,4 milhões de unidades. Mesmo assim, houve uma freada no ritmo de alta.
Por Redação - de São Paulo
A indústria de eletroeletrônicos de consumo fechou o ano passado com o primeiro resultado negativo em quatro anos. Os volumes vendidos das fábricas para o varejo somaram 93,9 milhões de aparelhos, uma quantidade 7,4% menor comparada com o ano anterior, segundo levantamento da Eletros, associação que reúne os fabricantes do setor, nesta segunda-feira.
A maior queda ocorreu nos televisores, de 15,5%, seguida pelos eletroportáteis (-7,2%) e eletrodomésticos da linha branca, como fogões, geladeiras e lavadoras, com retração de 4,5%. A única linha cujas vendas cresceram no ano passado foi a de aparelhos de ar condicionado, que avançou 4,8%, somando 4,4 milhões de unidades. Mesmo assim, houve uma freada no ritmo de alta. Em 2020 as vendas do produto aumentaram 30% sobre o ano anterior.
— Foi uma frustração, nem no primeiro ano da pandemia tivemos números tão ruins — disse a jornalistas o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Jr.
Em 2019 e 2020, o setor cresceu 5% a cada ano. E a expectativa era avançar mais 5% em 2021 ou, numa perspectiva otimista, até 10%. O prognóstico, no entanto, foi inteiramente frustrado.
Trimestre
A previsão até parecia viável por conta do desempenho do primeiro semestre, que registrou avanço na casa de dois dígitos sobre o ano anterior. Mas o mercado virou no segundo semestre. Entre julho e setembro, as vendas caíram 16% em relação ao mesmo período de 2020. E o tombo de 28% veio no último trimestre, período que inclui Black Friday e Natal, as melhores datas de vendas para os eletroeletrônicos.
A queda nas vendas tem a ver com a disparada da inflação, que corrói o poder aquisitivo dos consumidores, e a consequente alta dos juros. Como boa parte das vendas dos eletroeletrônicos são financiadas, esse foi mais um obstáculo ao consumo a prazo. Fora isso, com o avanço da vacinação e a reabertura dos serviços, passou a haver uma disputa do bolso do consumidor por outros setores, como turismo, segundo o presidente da Eletros.
A forte pressão de custos de produção - com forte alta no preço do aço, aumento da tarifa de energia elétrica e a questão do câmbio - também deixou os eletroeletrônicos mais caros. Isso inibiu vendas.
Vendas
Maior queda, de 15,5%, ocorreu nas vendas dos televisores; indústria de eletroeletrônicos fechou 2021 com o primeiro resultado negativo em quatro anos. Foto: Sergio Castro/Estadão
Neste início de ano o mercado continua fraco.
— O varejo está bem estocado e estamos numa situação bem complicada para vender nossos produtos — acrescenta Nascimento Jr.
Segundo afirmou o executivo, houve indústrias da linha de áudio e vídeo que deram dez dias de férias coletivas em janeiro para enxugar a produção. Essa frustração das vendas aparece nos estoques acumulados pela indústria.
De acordo com a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV), o saldo de empresas do setor que declararam ter estoques excessivos em janeiro deste ano foi de 36,6%. É a maior marca desde dezembro de 2019 (37,7%) e também superior a dezembro de 2021, quando estava em 31,4%.