Budapeste e Varsóvia se opõem a um acordo para obrigar todos os Estados-membros a participar de políticas de acolhimento de refugiados e solicitantes de refúgio, aprovado por maioria qualificada em uma reunião em nível de ministros no início de junho.
Por Redação, com ANSA - de Bruxelas
O Conselho Europeu encerrou sua reunião de dois dias sem consenso entre os líderes a respeito da crise migratória no Mar Mediterrâneo.
O órgão reúne os chefes de governo da União Europeia e, devido à oposição de Hungria e Polônia, não conseguiu aprovar por unanimidade uma declaração conjunta sobre a questão, enquanto a ilha italiana de Lampedusa recebia uma nova leva de milhares de deslocados internacionais.
Budapeste e Varsóvia se opõem a um acordo para obrigar todos os Estados-membros a participar de políticas de acolhimento de refugiados e solicitantes de refúgio, aprovado por maioria qualificada em uma reunião em nível de ministros no início de junho.
A medida é uma forma de tentar aliviar o peso do primeiro acolhimento que recai sobre os países que servem de porta de entrada para migrantes no bloco, como Itália e Grécia.
– Tentei mediar até o fim – afirmou a premiê italiana, Giorgia Meloni, que sempre considerou os primeiros-ministros da Hungria, Viktor Orbán, e da Polônia, Mateusz Morawiecki, como aliados.
– Nunca vou ficar decepcionada com quem defende os próprios interesses nacionais – acrescentou.
Já Morawiecki elogiou o papel de sua "amiga" nas negociações.
– Mas não estamos de acordo sobre imigração – disse o polonês, que desejou "boa sorte" à Itália com o novo pacto migratório.
O acordo prevê que os Estados-membros que se recusarem a acolher solicitantes de refúgio que chegam na Itália e na Grécia paguem 20 mil euros por pessoa para um fundo administrado pela União Europeia.
Na década passada, a UE chegou a estabelecer sistemas de realocação de solicitantes de refúgio, mas esses mecanismos sempre foram boicotados por nações do leste europeu.
Lampedusa
Durante os dois dias de reunião do Conselho Europeu em Bruxelas, a ilha italiana de Lampedusa recebeu cerca de 2,5 mil migrantes forçados, sendo 2.033 na quinta e 448 nesta sexta.
Os imigrantes de pelo menos uma das embarcações relataram que "alguns" companheiros de viagem caíram no mar durante a travessia.
O centro de acolhimento de Lampedusa abriga neste momento mais de 3,2 mil pessoas, oito vezes sua capacidade, mas o governo já prepara a transferência de pelo menos 1,74 mil.
Segundo o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 65 mil migrantes forçados via Mediterrâneo em 2023, alta de 135% sobre o mesmo período do ano passado.