Aos 8 anos, Luiz Eduardo já tem seu livro preferido, que leu sozinho: Robin Hood. Ele conta para a família, amigos e colegas de escola a história “de como o Robin se tornou um fora da lei”. Eduardo é cego, aprendeu a ler em braille há dois anos e agora tem acesso a clássicos da literatura infantil produzidos especialmente para crianças cegas ou com pouca visão. No Dia Internacional do Livro Infantil, lembrado nesta quinta-feira, a mãe de Eduardo, Janaina Chaves, comemora a autonomia do filho. “Ele mesmo pega o livro, interpreta, cria suas fantasias. Não precisa de ajuda de ninguém. Pelo contrário, conta a história para nós”. O livro faz parte da coleção Clássicos Acessíveis, produzida pela Fundação Dorina Nowill. Depois de ler Robin Hood, Luiz Eduardo pegou emprestado o livro João e Maria em uma biblioteca de Brasília que recebeu exemplares da coleção. “Eu ouvia muitas histórias, que outras pessoas liam, mas gosto de ler sozinho. A professora pediu para todos lerem um livro na sala, e eu contei a história do Robin”. Ele cursa o 3º ano em uma escola regular do Distrito Federal. Pai de uma menina de 6 anos, Edson Pereira é cego desde os 12. Para ele, compatilhar a leitura com a filha, que não é deficiente visual, é o mais importante. “É uma forma de compartilhar as mesmas histórias, os mesmos assuntos com as crianças que enxergam, que estão na sala comum. Eu, como pai cego, posso mostrar a história para minha filha. É um momento único.” Coordenadora na Fundação Dorina Nowill, Regina Oliveira explica que o objetivo da coleção é fazer com as crianças cegas leiam com amigos e professores e com os pais. Lançados no final de março, os livros foram distribuídos gratuitamente em bibliotecas, escolas públicas e instituições que atuam com o público com deficiência visual em todo o Brasil. - São dez títulos que todo mundo conhece, que lemos na infância, mas só agora adaptamos em formato acessível. Colocamos ilustrações em relevo e audiodescrição, em um CD, como as informações das cores, dos personagens - afirmou Regina. Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, A Bela Adormecida, Cinderela, João e o Pé de Feijão, Os Três Porquinhos, Peter Pan e Rapunzeltambém foram adaptados. Ler com a família e amigos, na escola e em casa, é fundamental para a formação de jovens leitores, diz a escritora Alessandra Roscoe. Com 25 livros infantis publicados e mãe de três filhos, ela acredita que uma relação prazerosa das crianças com a leitura é a principal forma de aproximar os pequenos dos livros. - A criança tem que ter acesso, poder manusear. Tem de fazer do livro, às vezes, até um brinquedo. Isso cria na criança uma atitude amorosa com a leitura. Uma leitura partilhada, em voz alta, é fundamental, porque é um momento em que o pai está se dedicando ao filho, e a criança sente a importância do momento - completa a escritora.
Clássicos da literatura infantil adaptados para crianças com deficiência visual
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Quinta, 02 de Abril de 2015 às 09:00, por: CdB