Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Cientistas têm nova tese sobre núcleo metálico de Mercúrio

Cientistas propõem nova teoria sobre o núcleo metálico de Mercúrio, sugerindo que colisões rasantes entre protoplanetas podem explicar sua estrutura incomum.

Domingo, 28 de Setembro de 2025 às 18:02, por: CdB

Envolto em mistérios, o menor planeta do Sistema Solar vem sendo observado desde os anos 1960.

Por Redação, com Sputnik – de Moscou

Mercúrio intriga cientistas com seu núcleo metálico desproporcional, que representa 70% da massa do planeta. Nova pesquisa propõe que uma colisão rasante entre protoplanetas de massa semelhante, e não um impacto extremo, pode explicar sua estrutura incomum — hipótese reforçada por simulações avançadas.

Cientistas têm nova tese sobre núcleo metálico de Mercúrio | Sob a superfície de Mercúrio, segundo os cientistas, há uma camada sólida de diamantes
Sob a superfície de Mercúrio, segundo os cientistas, há uma camada sólida de diamantes

Envolto em mistérios, o menor planeta do Sistema Solar vem sendo observado desde os anos 1960. De acordo com os cientistas, Mercúrio possui um núcleo desproporcionalmente grande, representando cerca de 70% de sua massa — muito mais do que os núcleos da Terra ou de Marte. Esse enigma, conhecido como ‘Problema de Mercúrio’, desafia explicações convencionais sobre a formação planetária.

A hipótese mais antiga sugere que Mercúrio sofreu uma colisão catastrófica com um corpo de massa muito diferente, que teria removido grande parte de sua crosta e manto. No entanto, simulações indicam que esse tipo de impacto entre objetos de tamanhos tão distintos seria extremamente raro no jovem Sistema Solar, tornando essa explicação pouco provável.

 

Estudo

Uma recente pesquisa, no entanto, publicada na revista Nature Astronomy propõe um cenário alternativo: Mercúrio teria se formado a partir de uma colisão rasante entre dois protoplanetas de massas semelhantes. Segundo Patrick Franco, autor principal do estudo, esse tipo de impacto é estatisticamente mais plausível e pode explicar a estrutura interna incomum do planeta sem recorrer a eventos excepcionais.

No ambiente caótico do Sistema Solar primitivo, embriões planetários colidiam com frequência enquanto disputavam posições orbitais. Simulações de hidrodinâmica de partículas suavizadas (SPH, na sigla em inglês) realizadas pelos pesquisadores mostraram que uma colisão entre corpos semelhantes poderia remover até 60% do manto original de Mercúrio, preservando sua elevada proporção de metal em relação ao silicato.

O estudo também aborda o destino do material ejetado durante o impacto. Em colisões entre objetos de tamanhos diferentes, esse material tende a ser reincorporado ao planeta, o que não explicaria a estrutura atual de Mercúrio. Já no modelo proposto, parte dos detritos pode ter sido dispersa permanentemente, mantendo a desproporção entre núcleo e manto.

 

Pesquisas

Os autores sugerem que mecanismos presentes nas primeiras dezenas de milhões de anos do Sistema Solar poderiam ter impedido a confluência desses detritos. Planetesimais e embriões vizinhos, como Vênus, podem ter absorvido parte do material, hipótese que ainda requer investigação mais detalhada.

Para validar essas teorias, será necessário aprofundar a análise geoquímica de Mercúrio, meteoritos e, idealmente, obter amostras diretas do solo. Embora missões de retorno de amostras ainda estejam em fase conceitual, a missão BepiColombo da ESA/JAXA, prevista para chegar a Mercúrio em 2026, promete fornecer dados valiosos sobre sua composição, campos magnético e gravitacional.

Apesar de ser o planeta menos explorado do Sistema Solar, Mercúrio está prestes a ganhar destaque com novas pesquisas e missões. Segundo Franco, essa nova geração de estudos poderá finalmente desvendar os segredos de sua formação e esclarecer o papel das colisões na evolução dos planetas rochosos.

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