Lal observou que o mais importante não é a quantidade de terra utilizada para a produção, mas a qualidade técnica adotada para o cultivo.
Por Redação, com ABr – de Brasília
Respaldado por uma série de prêmios internacionais, entre eles, o Nobel da Paz de 2007, pela parceria com o ex-presidente norte-americano Al Gore no debate sobre as mudanças climáticas, o ‘cientista do solo’ Rattan Lal diz que, ao contrário do que muitos pensam, a agricultura tem muito a contribuir para amenizar os efeitos danosos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que pode garantir alimento à população como um todo.

— No entanto, isso só será possível caso os produtores sigam alguns princípios básicos — pontuou o cientista paquistanês.
Lal observou que o mais importante não é a quantidade de terra utilizada para a produção, mas a qualidade técnica adotada para o cultivo. Em visita a Brasília, nesta sexta-feira, onde participa de seminário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre cooperações no setor agrícola entre Brasil e África, Rattan Lal disse a jornalistas, que natureza, agricultura e produtores não estão necessariamente em campos opostos.
— Podem e devem trabalhar juntos, um em favor do outro. Até porque a atividade agrícola também retira carbono da atmosfera — argumenta o pesquisador que está no Brasil a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Princípios
Para o cientista, a garantia de uma produção suficiente de alimentos não está relacionada ao tamanho, mas à forma como a terra é usada. Para que isso seja possível, é necessário que os produtores tenham, em mente, cinco princípios básicos.
— O primeiro é o de não arar terra. Isso é péssimo. Esta é uma técnica antiga, que prejudica muito a qualidade do solo — enumera.
O segundo princípio citado por Lal é deixar a cobertura vegetal protegendo a terra, após a colheita.
— Isso garante a proteção do solo — observa.
Em terceiro lugar está a gestão integrada de nutrientes para o solo.
— Fertilização química só se faz quando ela é realmente necessária — adverte.
O quarto princípio a ser seguido pelos produtores é a rotação de culturas.
Por fim, em quinto lugar, está a integração, em um mesmo ambiente, entre lavoura, pecuária e florestas, complementou Lal, que considera “fundamental” a preservação de florestas como a Amazônica e a do Congo, no centro do continente africano, para garantir a retirada de carbono da atmosfera.
— Para que essas florestas sejam mantidas, é também importante remunerar as populações locais, para manter as árvores em pé — pontuou o cientista, ao apoiar as políticas que estimulem a produção sustentável nessas regiões.
Alimentos
Sobre as parcerias entre Brasil e África – construídas com o objetivo de, com a expertise brasileira, melhorar a produção de alimentos nos países daquele continente –, Lal diz que serão positivas para ambas as partes.
Para os países africanos, a parceria representa acesso a conhecimentos que ajudarão no combate à fome. Para o Brasil, representa, além de empregos, a ampliação do conhecimento.
— O Brasil tem muito a aprender por lá para, depois, aplicar aqui, uma vez que Savana e Cerrado têm muitas similaridades. São solos considerados impuros, mas que podem ser trabalhados para a produção — concluiu.