A CIA praticamente terminou de levantar o sigilo de um relatório altamente crítico a respeito das informações existentes antes da guerra do Iraque a respeito das armas de destruição em massa iraquianas. A maior parte do texto foi devolvida ao Congresso nesta segunda-feira, com trechos que devem permanecer secretos entre colchetes, disseram fontes do governo.
O relatório da Comissão de Inteligência do Senado examina uma das muitas razões usadas pelos EUA para entrarem em guerra contra o Iraque - a suspeita de que Bagdá possuía armas de destruição em massa, que não foram encontradas até agora.
A comissão se reúne na terça-feira a portas fechadas para discutir o relatório, inclusive suas conclusões e as redações da CIA. O texto, de quase 400 páginas, terá de ser aprovado pelos parlamentares do grupo.
O senador republicano Pat Roberts, presidente da comissão, vem insistindo em divulgar ao público o máximo que for possível do relatório. A comissão pode negociar com a CIA as passagens que a agência de inteligência considerar nocivas à segurança nacional, caso o texto venha a ser divulgado.
Outra possibilidade seria a comissão reescrever esses trechos, ou então - o que é improvável - ignorar as recomendações da CIA e divulgar o trecho na íntegra. A CIA ainda está trabalhando para suspender o sigilo em torno de dois capítulos do relatório, tarefa que deve estar concluída dentro de dois dias, segundo uma fonte da agência.
Não se sabe ainda se a comissão pedirá ao diretor da CIA, o demissionário George Tenet, que responda ao relatório antes de sua divulgação. Tenet anunciou sua demissão no começo deste mês, e na época se especulou que a decisão teria sido provocada pela iminente divulgação do relatório da comissão do Senado e de outra comissão, que investiga os atentados de 11 de setembro de 2001.
O relatório da Comissão de Inteligência do Senado vai detalhar os problemas na coleta de dados e nas análises feitas pelos EUA antes da guerra a respeito das armas de destruição em massa. Fontes do governo disseram que o texto será menos crítico com relação à inteligência contra o terrorismo. Tenet deve ser especificamente criticado em algumas passagens, segundo fontes.
A comissão do Senado planeja realizar audiências que serão seguidas por recomendações de mudanças no serviço norte-americano de inteligência.