Rio de Janeiro, 26 de Dezembro de 2024

Choques chegam à capital do Haiti e deixam 20 feridos

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Sábado, 21 de Fevereiro de 2004 às 07:04, por: CdB

Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira no Haiti em choques entre opositores e simpatizantes do presidente Jean-Bertrand Aristide na capital do pais, Porto Príncipe.

Os choques começaram por volta das 15h30, horário local, quando centenas de estudantes saíram da sede da faculdade de ciências humanas da Universidade Estatal do Haiti com faixas e cartazes contra o presidente.

Segundo testemunhas, a multidão - que teria se reunido a princípio para festejar o Carnaval - já havia saído da área da faculdade e tomado as ruas quando foi atacada pelos chamados chimères, simpatizantes armados do presidente Aristide.

Os chimères, que não têm vinculação oficial com a polícia, teriam atirado nos manifestantes e avançado sobre alguns deles com facões.

Há informações de que dois jornalistas teriam ficado feridos no incidente, entre eles um estrangeiro.
Membros de uma equipe da BBC que estavam no local tiveram de fugir depois que um miliciano pró-Aristide ameaçou matá-los.

Pelo menos dois ataques a membros da imprensa foram registrados nos últimos dias no Haiti, entre eles um na favela Cité Soleil em Porto Príncipe.

Os chimères teriam ainda erguido barricadas nas ruas para prejudicar a movimentação dos manifestantes contrários ao presidente, impedindo a entrada dos estudantes na faculdade.

Os estudantes haviam realizado uma pequena manifestação na quinta-feira perto do mesmo local, onde parte de um posto de gasolina - supostamente de um ativista de oposição - foi incendiada.

O secretário de comunicação do Haiti, Mário Dupuy, em entrevista a uma rádio local disse que o governo haitiano condena todos os atos de violência, mas afirmou que a manifestação foi ilegal pois não havia sido notificada à polícia e não seguia as leis que regulam esse tipo de ação.

O novo episódio de violência ocorre às vésperas da chega da a Porto Príncipe de uma delegação de diplomatas dos Estados Unidos, Canadá e de países caribenhos.

Essa delegação deve apresentar oficialmente ao governo e à oposição haitiana uma proposta para solucionar a crise política no país.

Autoridades americanas, entre elas o secretário de Estado, Colin Powell, confirmaram que a proposta não deve sugerir a saída do presidente Jean-Bertrand Aristide, como deseja a oposição haitiana.

Entretanto, acredita-se que ela venha a sugerir o enfraquecimento de sua posição no poder.

Paul Denis, porta-voz da maior organização política de oposição do Haiti, a Convergência Democrática, disse que a oposição só terá uma posição definida sobre a proposta quando tiver acesso a ela.

No entanto, ele insistiu que o afastamento de Aristide é algo que eles consideram necessário para solucionar a crise. "Aristide é o problema e temos de resolver o problema", disse ele à BBC.

Também nesta sexta-feira, em uma reunião extraordinária, a Assembléia Geral da ONU anunciou que vai concentrar seus esforços no Haiti no sentido de aliviar a crise humanitária que está se agravando em razão dos recentes acontecimentos.

No interior do Haiti rebeldes armados estariam controlando mais de dez cidades e as duas principais vias de acesso ao norte do país.

Na quinta-feira, surgiram informações que os rebeldes incendiaram uma delegacia de polícia na cidade de Ouananintht, no noroeste do país, perto da fronteira com a República Dominicana.

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