A China acusou os Estados Unidos nesta quinta-feira de abusos contra prisioneiros iraquianos e de outras violações aos direitos humanos, uma postura retaliatória adotada dias depois de Washington ter criticado os direitos na China.
O Departamento de Estado norte-americano acusou a China em seu relatório anual de direitos, divulgado na segunda-feira, de usar a guerra global contra o terrorismo para reprimir opositores pacíficos na região muçulmana de Xinjiang e de cometer abusos contínuas em 2004.
O Conselho de Estado da China, ou gabinete, emitiu seu próprio relatório anual, citando atrocidades cometidas por soldados dos EUA contra prisioneiros iraquianos, o que "exporia o lado obscuro" do desempenho norte-americano no tema dos direitos.
- O escândalo chocou a humanidade e foi condenado pela comunidade internacional - disse o Conselho de Estado em seu relatório, divulgado pela agência oficial de notícias, a Xinhua.
Ironicamente, os EUA se apresentam como "a polícia dos direitos humanos do mundo" e mantêm silêncio sobre seus próprios erros, apontou o documento.
Prisioneiros iraquianos foram mantidos nus e forçados a manter atos sexuais, além de terem sido agredidos por agentes norte-americanos e fotografados.
O relatório não fez menção à condenação dos abusos manifestada pelo presidente George W. Bush e pelo secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e ao pedido de desculpas às vítimas feito por Colin Powell, então secretário de Estado.
No único julgamento pelo escândalo até agora, um líder dos abusos foi condenado a 10 anos de prisão. Seis pessoas acusadas se declararam culpadas e aceitaram punições, que variaram até oito anos de cadeia.
Em vez de censurar outros países, diz o relatório, os EUA deveriam refletir sobre seu comportamento e levar a sério os seus próprios problemas com os direitos, disse o gabinete chinês. A China defendeu seu desempenho nos direitos humanos, argumentando que alimentação e vestimenta para sua população de 1,3 bilhão de pessoas é um direito básico cumprido.