Na véspera, após comentários do presidente mexicano, Boluarte decretou a "retirada definitiva" do embaixador peruano no México, Manuel Talavera Espinar.
Por Redação, com agências internacionais - de Cidade do México e Lima
Desde que o ex-presidente peruano Pedro Castillo foi preso, no fim do ano passado, aumenta a crise entre o país e um de seus principais parceiros comerciais: o México. O governo mexicano de Andrés Manuel López Obrador tem deixado claro que não aceita a gestão da presidente de facto, Dina Boluarte.
O mandatário mexicano acrescentou que, até internamente, o comando da presidente tem têm desaprovação entre 85% e 90% nas pesquisas.
‘Espúria’
Na véspera, após comentários do presidente mexicano, Boluarte decretou a "retirada definitiva" do embaixador peruano no México, Manuel Talavera Espinar.
— Rejeito energicamente as expressões formuladas pelo presidente do México sobre assuntos internos do Peru. E seus questionamentos inaceitáveis, que ele formula de maneira reiterada sobre a origem constitucional e democrática de meu governo — disse Boluarte.
Pouco antes, Lópes Obrador havia chamado Boluarte de "espúria" e insistiu que o "México vai continuar apoiando o presidente (Pedro Castillo) injusta e ilegalmente destituído”. O mandatário acrescentou, ainda, que tanto Boluarte quanto o Congresso têm desaprovação de entre 85% e 90% nas pesquisas, "e mesmo assim governam com baionetas e com repressão para conter os protestos onde mais de 60 já foram assassinados”.
— Eu a abracei e expressei minha solidariedade com o povo do Peru, sobretudo o povo humilde, pobre, indígena, humilhado. Infelizmente há muito racismo e classismo e muitos interesses escusos no Peru por parte da classe política — acrescentou Obrador.
Negócios
A resposta de Boluarte ocorreu logo em seguida. Ela rebateu o líder da esquerda mexicana dizendo que ele "decidiu apoiar o golpe de Estado de Pedro Castillo em 7 de dezembro de 2022, que teve rejeição unânime das instituições que integram a ordem democrática no Peru”.
A chancelaria mexicana, segundo a mídia, lamentou a decisão do governo peruano e reiterou a convicção da Cidade do México de "manter abertos os canais de comunicação diplomática em benefício de ambas as sociedades”. Com a retirada de Talavera Espinar, as relações diplomáticas entre Peru e México ficam formalmente a nível de um encarregado de negócios.
O Peru vive uma grave crise política desde a prisão de Castillo. Os protestos em massa contra o governo de Boluarte, reprimidos com violência, já deixaram dezenas de mortos e, há dez dias, a promotoria peruana abriu uma investigação contra denúncias de que as forças de segurança mataram manifestantes.