O ex-presidente Jimmy Carter recebeu o Prêmio Nobel da Paz 2002 nesta terça-feira com uma declaração que embora a guerra é "certas vezes um mal necessário", é sempre um mal, "nunca algo bom". "Nós nunca iremos aprender a viver em paz matando as crianças de nossos adversários", ele acrescentou em uma cerimônia solene na qual recebeu a medalha de ouro do Nobel e um diploma. O Prêmio também inclui U$1milhão de dólares em dinheiro. O Sr. Carter repetiu as palavras que ele havia expressado na segunda-feira de que Washington deveria trabalhar em conjunto com a ONU em busca de uma solução para as tensões no Iraque. Ele disse que os Estados Unidos, como a última superpotência, não havia "demonstrado que superforça resulta em supersabedoria". O ex-presidente de 78 anos advertiu: "Em vez de entrar em um milênio de paz, o mundo tornou-se, de diversas formas, um lugar mais perigoso. As grandes facilidades nas comunicações e na possibilidade de se ir e vir não foram combinadas com uma maior compreensão e respeito mútuo". Na segunda-feira, falando em uma conferência de imprensa, o Sr. Carter expressou uma crença de que a situação iraquiana poderia ser resolvida de maneira pacífica, mas evitou comentários mais diretos sobre a atual política dos EUA em relação ao Iraque. O Sr. Carter disse que as inspeções de armas no Iraque são importantes, e que o envolvimento da ONU nesse esforço é prudente. "A decisão oficial de nosso governo", disse ele, "é completamente compatível, pelo menos nesse estágio, com aquilo que eu havia proposto nos últimos 3 ou 4 meses". Mas o Sr. Carter também ofereceu uma avaliação dessas inspeções que diferem do pessimismo expressado pela Administração Bush nos últimos dias. "Eu acho que nesse momento, na minha opinião, o Iraque obedeceu", disse o ex-presidente, dizendo que ele não teve acesso a todas as informações que a Administração Bush teve. Mas também disse que o Conselho de Segurança da ONU avaliou que o Iraque está colaborando, "Eu não vejo razão para um conflito armado". A escolha do Sr. Carter como vencedor do prêmio Nobel veio como uma crítica ao conflito dos EUA com o Iraque. Quando a seleção foi anunciada em outubro, Gunnar Berge, presidente do Comitê do Prêmio, disse que a decisão deveria ser encarada como uma censura às ameaças do presidente Bush de um conflito armado contra o Iraque. Hoje o Sr. Berge disse que "um dos verdadeiros pecados de omissão" foi o fato do Sr. Carter não ter sido incluído no prêmio de 1978 dado ao primeiro-ministro Menachem Begin e o presidente egício Anwar el-Sadat pela assinatura dos acordos de Camp David intermediado pelo ex-presidente Carter. "Jimmy Carter deveria, é claro, ter recebido o Prêmio Nobel há muito tempo", disse o Sr. Berge. A presidência de Jimmy Carter, de 1977 a 1981, foi bastante conturbada, e ele não conseguiu força suficiente para vencer seu opositor Ronald Reagan. Mas ele disse na segunda-feira que o Prêmio ajudaria a desviar a atenção para "coisas mais favoráveis" de sua administração, incluindo o acordo de Camp David. Ele também defendeu os Estados Unidos quando um jornalista francês disse que muitos europeus acreditam que a política americana em relação ao Iraque é guiada pelo petróleo. "É uma total ignorância acreditar que os Estados Unidos estão tentando conseguir petróleo barato - petróleo de graça - invadindo o Iraque", disse o Sr. Carter. "Eu conheço o meu país. Eu conheço os americanos. E eu posso garantir a vocês que essa não é política do meu país".
Carter recebe o Prêmio Nobel da Paz
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Terça, 10 de Dezembro de 2002 às 21:44, por: CdB