A ministra alertou, de forma cristalina, para os perigos das rupturas institucionais e lembrou que regimes autoritários não se instalam de forma repentina, mas sim por meio de construções progressivas e articuladas ao longo do tempo.
14h59 – de Brasília
Na sessão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira, que tornou réus os envolvidos no comando do golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, a ministra Cármen Lúcia depositou um voto incisivo ao analisar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

A ministra alertou, de forma cristalina, para os perigos das rupturas institucionais e lembrou que regimes autoritários não se instalam de forma repentina, mas sim por meio de construções progressivas e articuladas ao longo do tempo. Em sua manifestação, ela reafirmou a importância da vigilância permanente para preservar as conquistas democráticas e impedir retrocessos.
— Ditadura mata. Ditadura vive da morte, não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso — declarou a ministra, ao apontar para os riscos que um regime de exceção representa para as liberdades individuais e para a própria vida humana.
Golpe
Cármen Lúcia classificou os ataques de 8 de janeiro de 2023 como a culminância de uma engrenagem golpista que vinha sendo montada nos bastidores da política nacional.
— O que é preciso é desenrolar do dia 8 para trás, para chegarmos a esta máquina que tentou desmontar a democracia. Porque isso é fato — acrescentou.
Lúcia citou, ainda, o livro da historiadora Heloisa Starling para reforçar a ideia de que golpes não ocorrem de maneira espontânea, mas se estruturam em etapas e têm desdobramentos duradouros.
— Como diz Heloisa Starling, não se faz um golpe em um dia. E o golpe não acaba em uma semana, nem em um mês — pontuou.
A magistrada reiterou, por fim, sua confiança na Justiça Eleitoral brasileira.