Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Campos Neto aponta pressão inflacionária da energia

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Sexta, 03 de Setembro de 2021 às 15:15, por: CdB

Segundo o presidente do BC, Campos Neto, a incorporação desse efeito dos preços de eletricidade tem afetado o aumento nas expectativas de inflação para este ano, também influenciando "um pouco" as expectativas de 2022. Ele repetiu que, nas contas do BC, o IPCA para o próximo ano é mais baixo que o que é visto pelo mercado.

Por Redação - de São Paulo
O Banco Central (BC) enxerga a crise hídrica mais como um tema de preços do que de racionamento, afirmou nesta sexta-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Ele reconheceu que a bandeira tarifária mais elevada tem impacto forte sobre a inflação e que, por isso, o BC está acompanhando essa evolução "no detalhe".
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Presidente do Banco Central, Campos Neto também preside o Conselho de Política Monetária (Copom), que regula a taxa de juros oficial do país (Selic)
O executivo também indicou que o BC abrirá em breve sua visão sobre o hiato do produto, entendendo que isso pode explicar a diferença entre os cálculos da inflação para 2022 vistos pelo BC e pelo mercado.

Visão otimista

Sobre a crise hídrica, Campos Neto pontuou que os diversos reajustes de bandeira vermelha e a implementação da última bandeira, associada à crise hídrica, "realmente impactam bastante" a inflação, já que os preços de energia elétrica se disseminam pelas cadeias produtivas. Por isso, ele reforçou que o BC tem olhado esse movimento de perto. — Vamos acompanhar, muito importante acompanhar essa parte hídrica nos próximos meses. Lembrando que a gente ainda entende que é mais um tema de preço do que de racionamento porque, se a gente tem uma chuva, mesmo que seja um pouco abaixo da média, ainda assim os reservatórios ficam acima de 10% — acrescentou. Segundo Campos Neto, a incorporação desse efeito dos preços de eletricidade tem afetado o aumento nas expectativas de inflação para este ano, também influenciando "um pouco" as expectativas de 2022. Ele repetiu que, nas contas do BC, o IPCA para o próximo ano é mais baixo que o que é visto pelo mercado. O presidente do BC reconheceu ainda que essa distância de visões tem aumentado, sendo objeto de estudo do BC.

Incertezas

Enquanto a autoridade monetária previu alta de 3,5% para o IPCA no ano que vem, exatamente no centro da meta, agentes econômicos têm sucessivamente elevado suas estimativas, que agora estão em 3,95%, segundo o Boletim Focus mais recente. Campos Neto ponderou que há um grande desafio em fazer política monetária em regime de incerteza, destacando que no Brasil houve "crise hídrica em cima de todos os choques". Ele sublinhou que alguns desses choques são de oferta e disrupção em cadeias, com grande parte deles sendo globais, sendo mais difícil, portanto, prever sua normalização. — Fica mais difícil nesse regime de incertezas, a gente tem que olhar o nosso balanço de riscos com maior cuidado. Além disso, nós temos um processo eleitoral, que tem um ruído natural oriundo desse processo, que vários outros países não têm — concluiu.
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