O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em viagem às Filipinas nesta sexta-feira, e as negociações têm sido conduzidas no Palácio do Planalto pelo assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim.
Por Redação – de Brasília
Embora o número de atores no palco do conflito entre o governo da Venezuela e seus vizinhos, nas Três Américas, tenha aumentado desde a decisão da Corte Suprema do país determinar a vitória do atual presidente, Nicolás Maduro, nas últimas eleições, caberá aos presidentes do Brasil e da Colômbia a palavra final sobre o reconhecimento dos resultados das urnas.
Nesta sexta-feira, os chanceleres brasileiro e colombiano estruturavam uma posição conjunta entre os países, mas o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o colombiano Gustavo Petro devem conversar mais demoradamente sobre o assunto em um telefonema a ser agendado para as próximas horas.
Fontes da diplomacia brasileira relataram ao canal norte-americano de TV CNN, nesta manhã, que a posição construída em conjunto tende a manter a exigência de apresentação das atas da eleição, ainda que a presidente do Tribunal, Caryslia Rodriguez, tenha dito que a corte revisou os documentos da autoridade eleitoral e concordou que Maduro venceu a eleição e não haverá a divulgação dos comprovantes.
Novas eleições
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em viagem às Filipinas nesta sexta-feira, e as negociações têm sido conduzidas no Palácio do Planalto pelo assessor internacional do presidente Lula, Celso Amorim. A jornalistas, na véspera, Amorim reiterou a defesa da tese se que ocorram novas eleições no país.
— Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outra eleição em que se possam evitar os problemas que, dizem, contaminaram essa eleição? — questionou.
Ainda na última tarde, Amorim foi provocado diretamente pelo governo da Venezuela após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) confirmar a vitória de Nicolás Maduro como resultado de auditoria nas atas de votação.
Citado
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, disparou um “ouviu, senhor Celso Amorim” ao defender a soberania do país sobre as críticas do “mundo inteiro” ao cobrarem a divulgação pública dos resultados para avaliarem o reconhecimento da vitória do ditador.
— É importante dizer que a sentença do TSJ não é apenas na Venezuela onde está a jurisdição superior da sala eleitoral, mas também no Brasil – ouviu, senhor Celso Amorim –, no México, nos Estados Unidos da América e no mundo inteiro. Há uma jurisdição superior — afirmou Rodríguez.
A citação específica aos três países se dá por conta do movimento conjunto que pressionava o regime de Maduro a divulgar publicamente as atas da votação realizada no fiM de julho. Brasil e México, junto da Colômbia, chegaram a assinar uma carta conjunta pressionando o ditador a dar transparência ao sistema eleitoral.
O governo brasileiro, por conta das conversas ainda em andamento, não se pronunciou oficialmente sobre a decisão do tribunal venezuelano. A posição, até o momento, era de seguir pressionando Maduro para apresentar os documentos, e Lula disse que não reconheceria a vitória do ditador sem uma auditoria nos documentos.