Num tom ainda mais duro que o habitual e demonstrando impaciência com países que querem mais tempo para os inspetores de armas no Iraque, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ontem estar claro para ele que o Iraque não está se desarmando como exigido pelas Nações Unidas e que o tempo estava se esgotando para o país. Bush afirmou que se necessário irá liderar uma coalizão de nações num ataque militar a Saddam Hussein, apesar da oposição da França e de outros membros do Conselho de Segurança da ONU. O presidente lançou dúvidas sobre as promessas iraquianas de cooperação com a ONU, dizendo que a brincadeira de esconde-esconde com os inspetores vem da década de 90. - Está claro para mim que ele (Saddam) não está se desarmando - disse Bush. - Parece a reprise de um filme ruim, e eu não estou interessado em assisti-lo. Ele vem sendo advertido para se desarmar há 11 longos anos. Não está se desarmando. A questão sobre mais tempo... De quanto tempo necessitamos para ver claramente que ele não está se desarmando? Num ataque sem apoio da ONU, os EUA contariam com a ajuda da Grã-Bretanha. O primeiro-ministro Tony Blair reafirmou ontem estar pronto para seguir adiante mesmo se o Conselho de Segurança estiver dividido: - Não devemos dar um sinal a Saddam de que há uma saída. Saddam não tem saída. Como resultado da escalada militar e da determinação, o regime de Saddam está se enfraquecendo. Devemos manter a pressão até o fim - disse Blair, um dia depois de anunciar o envio de 26 mil soldados. Mais tarde, o vice-secretário de Estado dos EUA, Richard Armitage, declarou que as opções ao uso da força estavam praticamente esgotadas. Ele apresentou um documento apontando "o aparato de mentira" do Iraque. A impaciência de Bush tinha uma causa definida: a França. O chanceler Dominique de Villepin afirmou que o país não apoiará um ataque ao Iraque nas próximas semanas - posição que seria comum à maioria dos membros do Conselho de Segurança. Villepin insinuou que a França poderá usar seu poder de veto na ONU. - Cremos que hoje nada justifica uma ação militar - declarou. A Alemanha também se manifestou contra um ataque a Bagdá, enquanto a China declarou que o relatório dos inspetores a ser entregue no dia 27 não era um ponto final, mas um novo começo. Para analistas, um desafio aos aliados poderia gerar novos problemas para os americanos. Atentado no Kuwait mata americano Num novo ataque a alvos americanos no Kuwait, um civil morreu e outro ficou gravemente ferido ontem ao serem atingidos por disparos de rifle automático no caminho para a base militar de Camp Doha, onde estão 16 mil soldados americanos que se preparam para um possível ataque ao Iraque. Segundo a Embaixada dos EUA, o crime foi um atentado terrorista. Os dois homens sofreram uma emboscada por volta das 9h14m, quando seguiam num carro pela estrada 85, ao norte da Cidade do Kuwait, rumo à principal base americana no país. Um ou mais atiradores se escondiam atrás das árvores ao lado da estrada. Um dos lados do carro tinha mais de 20 marcas de balas. O morto era Michael Rene Pouliot, um californiano de 46 anos que trabalhava para Tapestry Solutions, empresa de informática especializada em programas de simulação para treinamento. Eles prestavam serviço ao Departamento de Defesa americano. Pouliot estava no banco do carona. A identidade do motorista não foi revelada. Ele foi atingido uma vez no braço, três no peito e duas nas pernas. - Vamos trabalhar com as autoridades do Kuwait para descobrir quem está por trás disto - disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
Bush se irrita com reticência francesa sobre o Iraque
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Quarta, 22 de Janeiro de 2003 às 07:40, por: CdB