Rebeldes assassinaram nesta terça-feira um proeminente parlamentar iraquiano, marcando com violência o primeiro aniversário desde que os Estados Unidos devolveram a soberania ao país árabe.
Para lembrar o fato, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. prepara um discurso sobre o Iraque, em meio a sinais contraditórios de Washington sobre as perspectivas de paz. Os marines lançaram uma grande operação contra supostos rebeldes no vale do rio Eufrates, no oeste.
Dhari Ali al-Fahadh, parlamentar da aliança política dominada pelos xiitas, foi morto junto com seu filho e três guarda-costas por um carro-bomba lançado por um militante suicida contra a sua comitiva, em uma estrada na periferia norte de Bagdá.
O membro mais velho do Parlamento, ele já havia servido como seu porta-voz no primeiro dia da reunião da Casa, após a eleição em janeiro. Ele foi o segundo parlamentar morto desde que o novo governo iraquiano assumiu, em abril.
Em um sinal de que o governo busca sua inserção internacional, o Iraque pediu na terça-feira o fim de um programa da ONU que prevê o pagamento de indenizações relativas à invasão iraquiana do Kuweit (1990) e à Guerra do Golfo (1991).
O vice-chanceler iraquiano, Mohammed Hamud-Bidan, manifestou essa intenção antes de discursar à Comissão de Indenizações da ONU, que usa 5% dos dividendos do petróleo iraquiano para fazer os pagamentos.
- Isso é demais para nós. Achamos que é hora de parar e deixar o Iraque negociar diretamente com os Estados envolvidos - disse ele.
O discurso de Bush sobre o aniversário da soberania iraquiana será atentamente observado em busca de sinais de suas intenções, num momento em que as pesquisas apontam uma crescente impopularidade da guerra entre os norte-americanos.
Há um ano, Bush rabiscou a expressão "Que reine a liberdade" em um recado entregue a ele por Condoleezza Rice, então assessora de segurança nacional, durante uma cúpula da Otan. O recado de Rice informava que uma cerimônia havia devolvido formalmente a soberania ao Iraque, após 15 meses de ocupação.
Desde então, os 140 mil militares norte-americanos ajudaram um governo interino nomeado a realizar eleições e colaboram com as incipientes forças militares locais no combate à insurgência.
Mas a revolta dos sunitas, que tinha privilégios no regime de Saddam Hussein, afastou muitos deles das urnas e se agravou a partir da posse do governo curdo-xiita. Desde então, atentados suicidas matam centenas de iraquianos e vários norte-americanos por semana.