Conflitos entre habitantes de dois povoados da selva peruana, que disputam um território de quase três vezes o tamanho de Cingapura, deixaram como saldo uma prefeita tomada como refém e mais de 70 feridos, além de terem causado a suspensão de um censo populacional nas duas localidades, disseram autoridades nno final da noite desta quarta-feira.
Milhares de moradores de San Martín de Pangoa e de Mazamari, na região da selva central de Junín, lutam por causa de 1.800 quilômetros quadrados que, por erro, a organização estatal de estatística atribuiu no censo de 1981 ao primeiro povoado. O dado foi corrigido no censo de 1993.
Quando o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI) iniciou o novo censo, na última segunda-feira, os choques começaram. As bombas de gás lacrimogêneo da polícia não conseguiram acalmar a situação.
- Continuo (refém) na municipalidade de San Martín de Pangoa por dois dias, este é o terceiro. Vim para mediar o conflito, disseram que viria uma comissão do INEI, me comprometi a esperá-los e não chegaram, quero sair daqui - disse a prefeita de Satipo, María Quevedo.
Os dois povoados em conflito pertencem à Província de Satipo, mais de 300 quilômetros a leste de Lima.
- A população afirma que não posso sair até que o conflito acabe. Há mais de 70 feridos, isso é o que mais irritou a população e os conflitos continuam, por isso o coronel da polícia veio desbloquear a estrada e a ponte - disse Quevedo á rádio RPP.
Já o líder de San Martín de Pangoa, César Quispe, afirmou que "a polícia não controla absolutamente nada".
Segundo Quispe, cerca de 5.000 pessoas continuam os combates e, somente em San Martín de Pangoa, há 79 feridos.
O diretor-geral da polícia, Marco Miyashiro, disse que 14 policiais e 15 civis ficaram feridos.
Para tentar acalmar a situação, o IENI suspendeu o censo nas duas localidades.