Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Brasil diminui sua dependência do FMI

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Sexta, 07 de Novembro de 2003 às 08:44, por: CdB

Confiante de que estabilizou a economia brasileira, o governo de esquerda do país afirmou esta semana que a extensão de doze meses do acordo do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sinaliza o fim de anos de dependência de ajuda financeira.    

Confundindo os medos do mercado de apenas um ano de que iria conduzir ao Brasil a um período de gastos para promover o crescimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua pragmática equipe econômica conseguiram conter a inflação e os gastos públicos.

Lula e sua equipe também conseguiram aumentar as exportações para arrecadar a necessária moeda forte para preencher os buracos na atual conta do país. Mas eles ainda enfrentam a tarefa de fazer a economia crescer novamente sem prejudicar as delicadamente equilibradas contas.

Na última quarta-feira, ao apresentar o projeto de extensão do atual acordo de US$ 30 bilhões, que expira no próximo mês, Antonio Palocci, o ministro das Finanças, disse que o governo só recorreria a US$ 14 bilhões do pacote do FMI, que inclui US$ 6 bilhões em dinheiro vivo e alivia os termos de refinanciamento de dívidas nos próximos quatro anos, apenas se necessário.

"É uma espécie de apólice de seguro contra o risco sempre-presente de choques externos e dificuldades imprevisíveis", declarou Palocci. "Nós acreditamos que devemos, após um longo período, propor o fim desta série de acordos com o fundo".

Anne Krueger, a vice-diretora-gerente do FMI, disse que apoiaria a proposta
no conselho do fundo.

O Brasil é dependente da ajuda do FMI desde a crise financeira de 1998, e se provou incapaz de abrir mão à ajuda devido a um certo crescimento e uma série de crises financeiras internacionais que abalaram a confiança nos mercados emergentes.

Mas Palocci insistiu que há sinais "reais e efetivos" de que a próxima recuperação economia viria após um crescimento sustentável. Se tal otimismo é justificado ou não, os mercados consideraram a extensão do FMI como um sinal de que o Brasil não vai se desgarrar do caminho da ortodoxia fiscal e monetária.

A Fitch Ratings elevou, na última quinta-feira, a classificação do risco de soberania do Brasil de B para B+.

"O acordo com o FMI foi apenas um fator na elevação", disse Roger Scher, diretor-gerente e chefe de soberania latino-americana da Fitch em Nova York. "No geral, há um sentimento de que o governo Lula tem sido muito feliz em sua política macroeconômica", afirmou. "Basicamente eles cometeram alguns erros e superaram as expectativas de todos".

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