Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Bombeiros retomam buscas a vítima de queda de ciclovia no Rio

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Sexta, 22 de Abril de 2016 às 08:07, por: CdB

O desabamento de parte da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na Zona Sul foi causado por falha de projeto, de acordo com o engenheiro civil

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:   A Polícia Civil identificou a segunda vítima do desabamento de um trecho de 26 metros da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Trata-se de Ronaldo Severino da Silva, 60 anos e o corpo da primeira vítima identificada, o do engenheiro Eduardo Marinho de Albuquerque, de 54 anos.
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Ondas estouram próximo à recém-inaugurada ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, que desabou durante ressaca no mar de São Conrado, deixando mortos e feridos
As buscas a uma terceira vítima, que seria uma mulher, de acordo com testemunhas, foram retomadas no início da manhã desta sexta-feira. Foram utilizados na operação 130 homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil e os trabalhos ocorrem com o auxílio de helicópteros, com moto aquática e mergulhadores, além de homens que fazem a varredura da praia com o uso de binóculos. Os mergulhares estão sendo usados na ação porque há possibilidade de o corpo estar preso entre as fendas dos rochedos. A Marinha está dando apoio com um navio-patrulha para evitar que embarcações particulares se aproximem do local com o objetivo de acompanhar o trabalho de resgate. A Fundação Instituto de Geotécnica (GEO-Rio), órgão de prevenção de encostas da prefeitura do Rio, em uma primeira inspeção técnica, informou que outros trechos da ciclovia não foram afetados. A Geo-Rio disse ainda que nova análise será feita na estrutura assim que o nível da água do mar (ressaca) permitir. O trecho que desabou tem 26 metros e, segundo especialistas, a força do mar teria feito a estrutura cair, provocada por um empuxo da onda, que pegou a estrutura de baixo para cima. O subsecretário municipal de Defesa Civil, Márcio Motta, disse que a Avenida Niemeyer, que liga São Conrado ao Leblon, permanecerá fechada para que os técnicos da prefeitura e homens do Corpo de Bombeiros possam trabalhar com mais tranquilidade. A prefeitura vai colocar tapumes no local onde a estrutura da ciclovia desabou, a fim de evitar que curiosos cheguem perto do trecho para tirar fotos. Erro de Projeto O desabamento de parte da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na Zona Sul foi causado por falha de projeto, de acordo com o engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, membro da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas. Duas pessoas morreram no acidente. – Não foi considerado o efeito da onda sobre a parte inferior da passarela, que fez com que ela tombasse. Aquele trecho é diferente dos demais, tinha apenas uma viga central. Como os apoios eram muito próximos um do outro sobre os pilares, a força de içamento do lado que onda bateu ficou mais engrandecida”, explicou. “Quem fez o projeto não levou em consideração o efeito dessa onda, embora a premissa de um projeto sejam as considerações e combinações de carga – acrescentou. Para ele, os cerca de quatro quilômetros da via devem passar por nova análise. “Tem que ser feita uma análise de todo o projeto, a memória de cálculo, para tranquilizar a população. Talvez tenham subestimado o efeito da onda, não tenham considerado a maior onda, que é uma estatística. Há ondas que ocorrem de 100 em 100 anos, mas devem ser consideradas, e um fator de segurança deve ser aplicado.” O engenheiro disse que não houve valorização do trabalho de engenharia estrutural. “O preço dos projetos às vezes é muito aviltado, reduzindo prazos e isso acaba influindo na qualidade do projeto. Em engenharia estrutural, não pode haver riscos, pois os riscos ocasionam mortes; às vezes, várias mortes.” O prefeito Eduardo Paes chamou de imperdoável o acidente e determinou a apuração imediata dos fatos. Ele estava na Grécia para o acendimento da tocha olímpica na quinta e voltou ao Brasil antes do previsto. A Fundação Geo-Rio, da prefeitura, vai contratar perícia independente para emitir parecer sobre o desabamento. Uma primeira inspeção técnica no trecho de 26 metros da estrutura da ciclovia que desabou foi feita nesta manhã. Devido às más condições do mar, nova análise deverá ser feita depois que o nível da água permitir. A prefeitura informou ainda que toda a extensão de 3,9 quilômetros (km) da ciclovia foi vistoriada e a estrutura está preservada, sem risco iminente. Por medida de segurança, a Avenida Niemeyer segue interditada ao tráfego, pois as ondas continuam atingindo a pista. Custos Os reparos serão executados pelo Consórcio Contemat/Concrejato, responsável pela construção, sem ônus adicionais ao município, pois a ciclovia ainda está na garantia de obra. A Avenida Niemeyer permanece interditada ao tráfego e o Corpo de Bombeiros continua as buscas no local. O consórcio informou que está estudando as causas do acidente. O consórcio que venceu a licitação disse ainda que todo o processo foi supervisionado pelos órgãos de fiscalização competentes e que a empresa segue todos os protocolos e normas de segurança, utilizando-se das mais modernas técnicas e equipamentos de construção. A estrutura da ciclovia no trecho é composta por elementos pré-moldados concebidos por sobrecarga total prevista em norma de 22,5 toneladas. Os três pilares estão apoiados em fudações fixadas à rocha. Vítima O corpo do engenheiro Eduardo Marinho de Albuquerque, de 54 anos, será velado no sábado Crematório Memorial do Carmo, no bairro do Caju, zona portuária do Rio. Dois corpos ainda permanecem no Instituto Médico-Legal (IML) e devem ser liberados ainda pela manhã. O engenheiro Eduardo Albuquerque era corredor e fazia sempre o trajeto da ciclovia. Na quinta-feira, antes de sair de casa, ele deixou um bilhete para o filho de 15 anos: “Vou correr. Volto já. Te amo”.
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