Bolsonaro lançou novas suspeitas, igualmente infundadas, sobre o sistema eleitoral: "espero que nada de anormal aconteça”. Ele ainda ameaçou, na sequência, tumultuar seções eleitorais com ajuda das Forças Armadas.
Por Redação - de Brasília
Em mais uma de suas transmissões ao vivo, pela internet, o presidenteJair Bolsonaro (PL) lançou mais uma saraivada de ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. Na noite passada, o mandatário acusou o ministro de agir para prejudicá-lo, ao passo que estaria 'ajudando' o ex-presidente Lula (PT), líder em todas as pesquisas de intenções de voto.\
Em seu estilo tosco, agora recalibrado com a estética talebã ao transmitir de um local incerto, provavelmente no Alvorada, Bolsonaro eleva o tom contra o TSE
— Tudo o que Alexandre de Moraes faz, e não é de hoje, é para me prejudicar e ajudar Lula — acusa sem provas o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde provavelmente realizou uma transmissão ilegal.
Em seguida, Bolsonaro lançou novas suspeitas, igualmente infundadas, sobre o sistema eleitoral: "espero que nada de anormal aconteça”. Ele ainda ameaçou, na sequência, tumultuar seções eleitorais com ajuda das Forças Armadas.
— É interferência demais. Ele está com medo de quê? Estão preocupados em ter um mar de verde e amarelo votando? É isso, TSE? Essas medidas são para proibir isso aí? Eu estou convidando a todos, voluntariamente, a votar com a camisa verde-amarela. O que as Forças Armadas puderem garantir para vocês votarem de verde e amarelo, vai ser garantido — adiantou.
Notícia falsa
Não satisfeito, Bolsonaro pisou no campo perigoso das notícias falsas.
—Eu vou determinar às Forças Armadas, que vão participar da segurança: qualquer seção eleitoral em que for proibida a entrada com a camisa verde-amarela, não vai ter eleição naquela seção. Ou estamos na democracia, ou estamos no Estado do Alexandre de Moraes — vociferou.
Ele se referia à uma discussão sobre se está proibido, ou não, uso de camisetas verdes e amarelas nas zonas eleitorais, neste domingo, uma vez que as centrais sindicais pediram ao TSE que proíba o uso de camisa da Seleção Brasileira por mesários, mas os eleitores poderão votar com a roupa que bem entender.
Urna eletrônica
Ainda no campo das mentiras lançadas pela campanha de Bolsonaro, o PL, partido do presidente comandado por Valdemar Costa Neto, pagou ao menos R$ 225 mil ao Instituto Voto Legal (IVL), que produziu o relatório divulgado na véspera e que questiona a segurança das urnas eletrônicas. O IVL foi contratado para representar a legenda na análise do pleito. Para elaborar o documento, chamado de mentiroso pelo TSE, o instituto foi subsidiado por fundos públicos, segundo denúncia publicada pela mídia conservadora, nesta manhã.
O documento questiona a confiabilidade do sistema eletrônico de votação. Logo depois, o TSE disse que as afirmações do partido são falsas, mentirosas, fraudulentas e visam tumultuar as eleições. O pagamento ao IVL consta no balanço financeiro do PL enviado ao TSE, segundo registros de uma conta bancária identificada como "outros recursos".
A transferência eletrônica ocorreu no dia 29 de julho. Na mesma conta aparecem registradas, por exemplo, doações de empresários feitas ao partido comandado por Valdemar Costa Neto.
O PL não quis se manifestar sobre o assunto.
