Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Bolsonaro despenca: como o fascista reagirá?

Arquivado em:
Sexta, 22 de Março de 2019 às 06:26, por: CdB

Pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira confirma uma acelerada queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

Por Altamiro Borges - de São Paulo Em menos de três meses, o “capetão” já perdeu 15 pontos de prestígio na sociedade. A proporção de quem considera a sua gestão ótima ou boa despencou de 49% em janeiro para 34% em março. Esse índice vexatório equivale à taxa do odiado José Sarney em março de 1987, quando já tinham decorridos dois anos de mandato do primeiro presidente civil depois do fim da ditadura militar.
bolsonaro-3.jpg
Presidente Jair Bolsonaro
Como observa José Roberto de Toledo, da revista Piauí, “em comparação com outros presidentes eleitos, o começo da passagem de Bolsonaro pelo Palácio do Planalto é o pior já registrado. Nos seus primeiros mandatos, Dilma, Lula, Fernando Henrique e Collor sustentaram taxas mais altas do que os 34% de Bolsonaro nos meses iniciais. A popularidade deles só ficou abaixo desse patamar nos segundos mandatos de FHC e Dilma, quando os presidentes já acumulavam mais de quatro anos de desgastes”. O índice de confiança no novo presidente também derreteu. Caiu de 62% em janeiro para 49% agora, uma perda de 13 pontos. Ao mesmo tempo, a desconfiança pulou de 30% para 44%. “Quem mais desconfia do presidente são os nordestinos e os moradores de grandes cidades. Entre esses, a desconfiança é majoritária: 53% não confiam nele. É uma má notícia para Jair Bolsonaro, porque os movimentos de opinião pública costumam migrar das capitais para o interior, e não o contrário”. De acordo com a pesquisa, quem ainda sustenta a confiança no presidente-capetão são os evangélicos, os mais ricos, os homens e os moradores do Sul. Estes segmentos seguem acreditando no demagogo direitista, mas essa fé cega pode não durar muito tempo. O Ibope não revelou as razões que levaram à rápida queda de popularidade, mas pesquisas de outros institutos apontam pelo menos três motivos – segundo a análise equilibrada do jornalista José Roberto de Toledo: “Sua vizinhança com a milícia no Rio de Janeiro e as denúncias de corrupção envolvendo seu filho Flávio, a falta de medidas práticas que tenham resultado em diminuição da violência urbana e, finalmente, o destempero demonstrado pelo presidente em suas manifestações públicas, principalmente por meio do Twitter durante o Carnaval. Tudo isso, somado ao cenário de estagnação da economia, aponta para dificuldades adicionais quando o governo começar a se movimentar para aprovar a reforma da Previdência, que vai desagradar a várias camadas da população”. Diante desse cenário bastante adverso – que pode abortar seu mandato ou “sangrar” sua gestão –, fica a pergunta: como reagirá o presidente conhecido por seus arroubos autoritários? Eleito pelo PSL, o Partido Só de Laranjas, Jair Bolsonaro não tem mais como se travestir de paladino da ética. O seu governo – que reúne milicos ressentidos, abutres financeiros, corruptos velhacos, fanáticos religiosos e milicianos fascistas – não tem nada a oferecer à sociedade, seja no quesito da retomada da economia ou da melhoria na segurança pública. A tendência, portanto, é que ele reforce seus traços fascistas, dando carne aos leões. O movimento sindical, o mundo da cultura e os agentes da educação, entre outros setores sociais, já estão sentindo essa mão pesada, que deve se enrijecer no próximo período. A unidade na resistência democrática é cada dia mais urgente! Altamiro Borges, é jornalista.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo