Berlim - A última Berlinale do alemão Dieter Kosslick
Por Rui Martins ; Esta será a última Berlinale ou Festival Internacional de Cinema de Berlim dirigida, durante 17 anos, pelo alemão Dieter Kosslick, que vai se aposentar aos 70 anos.
Quarta, 06 de Fevereiro de 2019 às 14:00, por: CdB
Quando for projetado o primeiro filme do Festival Internacional de Cinema de Berlim, na quinta-feira, dia 7, um senhor irônico nascido na região de Munique, provocador, ativo e trabalhador, como costummam ser os alemães, começará a contagem regressiva dos seus últimos dez dias de reinado no mundo do cinema.
Por Rui Martins - em Berlim do 6 ao 17 de Fevereiro, convidado pelo Festival Internacional de Cinema
A última Berlinale de Dieter Kosslick
Quando for projetado o primeiro filme do Festival Internacional de Cinema de Berlim, na quinta-feira, dia 7, um senhor irônico nascido na região de Munique, provocador, ativo e trabalhador, como costummam ser os alemães, começará a contagem regressiva dos seus últimos dez dias de reinado no mundo do cinema.
Dieter Kosslick tinha 53 anos, quando deixou Hamburgo para assumir, em 2001, a direção da Berlinale, como é chamado em alemão o terceiro maior festival de cinema do mundo. Com quase 70 anos Kosslick se aposenta com três anos a mais da idade máxima legal na Alemanha. São, portanto, 17 anos de Berlinale, e coincidentemente de vegetarismo, pois deixou de comer carne na mesma época em que se mudou para Berlim.
Porque, e poucos sabem, o diretor da Berlinale tem uma grande preocupação com a boa alimentação longe dos produtos industrializados, tanto que criou uma mostra paralela de filmes ligados à culinária.
Entretanto, a força da Berlinale provém do fato de ser um Festival engajado e suas seleções de filmes e seus premios mostram sua preocupação com os temas da atualidade. Imigração, racismo, gênero, homofobia, liberdade de expressão, laicidade, denúncia do totalistarismo e ditaduras são temas sempre abordados.
Essa abertura crítica é antiga e provocou a suspensão do festival em 1970, dois dias antes da distribuição dos prêmios, como ocorrera, em 1968, com o Festival de Cannes. A causa foi o filme alemão de Michael Verhoeven, O.K., mostrando a violação e morte de uma jovem vietnamita por soldados norteamericanos, durante a Guerra do Vietnã.
Berlim foi o primeiro festival a premiar uma negra como melhor atriz, Halle Berry, em 2001, premiada, no ano seguinte, com o Oscar pela interpretação em Monsters Ball. E foi Berlim também o primeiro a premiar uma negra africana melhor atriz, Rachel Mwanza, menina de rua congolesa, no filme Rebelde
Este ano, a Berlinale mostra o filme Marighela, líder revolucionário brasileiro na época da Ditadura Militar, numa provocação ao presidente brasileiro de extrema direita. O regime iraniano também tem sido criticado nos filmes do cineasta iraniano Jafar Panahi, assim como o fundamentalismo católico polonês.
A próxima Berlinale, a 70a., terá dois diretores: será dirigida pelo italiano Carlo Chatrian, ex-diretor do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, considerado o quarto no ranking dos festivais, e a holandesa Mariette Rissembeek, ex;diretora de German Films. Chatrian será o diretor artístico e Rissembeek, diretora - executiva.
Rui Martins, de Berlim do 6 ao 17 de fevereiro,, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.