Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

BC ignora risco de bolha especulativa e autoriza novas 60 fintechs

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Terça, 19 de Novembro de 2019 às 08:58, por: CdB

Em apresentação exibida em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Campos Neto apontou que 13 fintechs de crédito já foram autorizadas pelo BC. Vinte pedidos seguem na fila.

 
Por Redação - de Brasília, Lisboa e São Paulo
  Presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto indicou, nesta terça-feira, que cerca de 60 fintechs poderão ser autorizadas no ano que vem, projeção feita a partir de conversas com advogados. As empresas deste setor, segundo especialistas, arriscam-se diante dos rumores da formação de uma nova bolha especulativa no setor financeiro.
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Presidente do BC, Campos Neto amplia o número de empresas iniciantes no segmento financeiro
Em apresentação exibida em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Campos Neto apontou que 13 fintechs de crédito já foram autorizadas pelo BC. Vinte pedidos seguem na fila. Em relação a iniciativas que vêm sendo gestadas no BC, ele afirmou que o projeto para assistência de liquidez para bancos com o uso de crédito privado como colateral terá como consequência a necessidade de um volume de compulsório muito mais baixo. Esse projeto vai começar a fazer efeito em um ano e meio a dois, disse Campos Neto. Ele também estimou para o segundo semestre de 2020 a implantação faseada do open banking no Brasil. De acordo com o presidente do BC, o pagamento instantâneo também já estará em vigor “no fim do ano que vem”.

Bolha especulativa

Segundo o professor de Economia Gilson Schwartz, da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à rádio da instituição, “o movimento, que virou moda a partir de 2015, depois da maior crise financeira da história capitalista, permitiu a liberação e descompressão dos controles sobre o sistema bancário e demais ramificações do crédito, da especulação e da lavagem de dinheiro”. — Por esse motivo, bitcoin e outras modalidades novas do sistema monetário têm tido tanto destaque nos noticiários e tem sido tão criminalizadas e bloqueadas pelos bancos centrais de todo mundo. A bolha fintech é uma aposta especulativa onde as instituições poderão sobressair regulações e privilégios do “status quo” financeiro global. Movimento semelhante ocorre também no outro lado do Atlântico. Em Portugal, o setor bancário dirigido ao grande público, segundo o economista Filipe S. Fernandes, em artigo a um blog especializado, “vai sofrer uma enorme evolução tecnológica, que será acompanhada de crescente intensidade concorrencial e de entrada de novos players”. “A entrada em cena de agregadores, impulsionada pela entrada em vigor da PSD2, vai introduzir um elemento de intermediação entre os bancos e os seus clientes (como em ocorrendo nos seguros), com o inevitável impacto nas margens e de comoditização do setor. Sistemas de inteligência artificial terão um papel crescente na avaliação do risco, quer na concessão, quer no acompanhamento do crédito (aqui também nas empresas)”, acrescentou.

Sem capital

Fernandes recomenda que os investidores precisarão “investir fortemente em tecnologia, muitas vezes com a dificuldade acrescida de estarem dependentes de sistemas informáticos obsoletos e de difícil evolução”. E aponta para o risco da formação de um ambiente especulativo extremamente tóxico. “Este fenômeno já é neste momento visível ao nível das avaliações praticadas pelos venture capitalists, mas será acentuada pela próxima recessão, na qual assistiremos a um grande número de falências de start-ups financeiras”, prevê. Ainda segundo o analista, “em todos os ciclos de inovação dá-se um número exagerado de entradas de novos players, cujas perdas são suportadas por investidores com mais capital disponível que aquele que conseguem aplicar. Dentro de uma década a esmagadora maioria dessas start-ups terá, simplesmente, desaparecido”, conclui.
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