“Os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração (do crescimento econômico), que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS-Pasep) – com impacto mais concentrado no último trimestre de 2019”, acrescenta o Copom.
Por Redação, com ABr - de Brasília
A diretoria do Banco Central concluiu, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que a economia brasileira ganhou "tração" (impulso). O documento foi divulgado nesta terça-feira, pela instituição e faz referência à decisão da última quarta-feira, quando o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual para 4,5% ao ano.
“Os trimestres seguintes devem apresentar alguma aceleração (do crescimento econômico), que deve ser reforçada pelos estímulos decorrentes da liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS-Pasep) – com impacto mais concentrado no último trimestre de 2019”, acrescenta a ata do Copom.
Desconsiderando esses estímulos temporários (FGTS e PIS/Pasep), a expectativa é por um ritmo gradual de crescimento da economia.
Setor privado
O Copom também discutiu a menor participação do estado na economia e as possíveis implicações para a atuação do BC na política monetária (basicamente sobre a definição da taxa Selic). Segundo o BC, há maior participação do crédito livre (em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros) no mercado.
Já o crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) tem diminuído, com menor particpação dos empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e maior acesso de empresas ao mercado de capitais.
“Os membros do Copom julgam que as transformações do mercado de crédito e capitais tendem a aumentar a potência da política monetária”, diz o BC.
Inflação
Na ata, o comitê acrescentou que os últimos dados da atividade econômica e a maior eficiência do mercado de crédito e capitais podem resultar em uma redução da ociosidade do setor produtivo “mais rápida do que antevisto e, com isso, produzir pressão altista na inflação”. Destacou, contudo, que a ociosidade da atividade produtiva ainda é elevada.
Segundo o Copom, as projeções de curto prazo para a inflação feitas pelo mercado financeiro foram particularmente afetadas pelos efeitos do “choque de preço” da carne que, segundo a instituição, ocorreu de forma mais intensa e prematura do que esperada.
“As projeções consideram um efeito direto mais concentrado no último bimestre deste ano, constituindo-se o principal fator de elevação das projeções para 2019”, destacou no texto.
Riscos
Em relação aos preços administrados (como energia elétrica, gasolina, gás, transporte público e alimentos), o Copom considerou “a presença de condições benignas para a ocorrência de reajustes menores nas tarifas de energia elétrica, que já vêm se materializando nos últimos meses e devem prosseguir nos trimestres seguintes”.
Para o comitê monetário, é preciso cautela na condução da política monetária dentro do atual ciclo econômico.
“O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, concluiu.