Belo Horizonte viveu uma operação policial cinematográfica, que começou na Rua Pernambuco, Bairro Funcionários, quando dois assaltantes tomaram um carro Mercedes Benz Classe A de uma mulher que esperava o filho na porta do colégio. Prosseguiu pelo Bairro Santa Efigênia, com troca de tiros entre os bandidos e policiais. E terminou no Bairro Vera Cruz, com a morte de um dos assaltantes e a prisão do outro, ferido. No caminho, um estudante de 13 anos foi baleado, mas sem gravidade.
Os assaltantes foram identificados como David Martins Dias, 21 anos, que morreu baleado durante a perseguição, e seu primo Fernando Martins Dias da Silva, 20 anos, que ficou ferido. Pouco antes do assalto no Funcionários, a Central de Operações da PM havia chamado, por volta das 11h35, diversas viaturas comandadas pelo major Cassavari, do 1º BPM do Santa Efigênia. A missão era interceptar um automóvel Vectra azul, no Bairro Floresta. Ele fazia manobras imprudentes e avançava sinais de trânsito fechados. O carro foi cercado na Avenida do Contorno, perto do Viaduto da Floresta, e o motorista imobilizado. O major achou que o homem ao volante estava sofrendo de uma síndrome de pânico, e resolveu levá-lo a um hospital.
Porém, às 12h17, todas as viaturas empenhadas nesse caso foram alertadas para iniciar a busca da Saveiro placa HAO-4822, de Belo Horizonte. Esse carro tinha sido tomado por David e Fernando Martins na Rua Pernambuco, perto da Avenida Brasil, no Bairro Funcionários. Os dois abandonaram no local um Mercedes Benz Classe A, que tinham tomado pouco antes de assalto na porta de uma escola, na mesma rua. A Saveiro foi avistada pelos policiais na Avenida Brasil, entre Rua Padre Rolim e Avenida Francisco Sales. Um dos assaltantes mantinha um revólver apontado para a cabeça do estudante João Pedro Lopes, 23 anos, solteiro, dono da Saveiro, que era obrigado a dirigir o carro.
Os ladrões reagiram à aproximação dos carros policiais, iniciando o tiroteio. Homens, mulheres e crianças corriam para buscar abrigo em lojas e portarias de prédios. Muitos se jogavam ao chão, para escapar das balas perdidas. Os estampidos, as sirenes ligadas, as manobras arriscadas das viaturas e da Saveiro, além do corre-corre geral, repetiram cenas de movimentados filmes policiais.
Os bandidos conseguiram furar o cerco. Na Avenida dos Andradas, perto do cruzamento com a Avenida Silviano Brandão, foram obrigados a parar, porque vários carros esperavam o sinal abrir. Alcançados pelas viaturas, eles voltaram a atirar e atingiram um menino de 13 anos, no passeio. Como o estudante João Pedro continuava ao volante da Saveiro, apenas um dos policiais fez mira no pneu da frente, do lado direito, e conseguiu furá-lo. Mesmo assim, o motorista foi obrigado a seguir em frente, quando o sinal abriu, com todos os carros à sua frente dando-lhe caminho. Um dos motoristas era o ex-militar Raimundo Carlos da Silva. "Quando eu estava na ativa, participei de muitos casos desse tipo, mas aqueles tiros me assustaram muito. Minha mulher ficou apavorada e quase desmaiou", contou ele.
Apesar do pneu furado, o estudante, sob ameaças, imprimiu alta velocidade na Saveiro, na Avenida dos Andradas. No Bairro Vera Cruz, um dos assaltantes mandou que ele deixasse a avenida, seguindo pela Rua Itamar, com a roda de metal arrancando faíscas no asfalto e perseguido pelas viaturas policiais. O estudante tentou uma manobra brusca, para entrar na Rua Tebas, mas não conseguiu. A Saveiro parou e foi cercada por dezenas de militares. Fernando Martins se entregou, saindo do carro com os braços para o alto. Seu primo, David Martins, tentou resistir e foi atingido na cabeça, tombando sobre o estudante em pânico, preso ao volante. David e e Fernando foram levados para o Pronto Socorro do Hospital João XXIII, onde o primeiro chegou morto.