Ataques danificaram seção auxiliar da usina de Zaporíjia e cresce o perigo de incêndios no local. Combates mais intensos devem migrar para o sul e guerra deve entrar em nova fase, afirma relatório de inteligência.
Por Redação, com ANSA - de Kiev
A agência nuclear ucraniana Enerhoatom alertou neste sábado para um aumento do risco de incêndios e de vazamento de radiação, devido aos combates entre tropas russas e ucranianas nas proximidades da usina nuclear de Zaporíjia.
O local, segundo o órgão, "opera sob risco de violação das normas de radiação e proteção ao fogo".
Ataques de artilharia no dia anterior danificaram uma usina de nitrogênio e uma seção auxiliar da usina nuclear, afirmou a agência.
"O risco de vazamento de hidrogênio e da dispersão de partículas de radiação continua, e o perigo de um incêndio é bastante alto."
Uma rede de alta voltagem também foi atingida, levando os operadores da usina a desconectarem um dos reatores, ainda que nenhum vazamento tivesse sido detectado. O local ainda é administrado por técnicos ucranianos.
Os funcionários continuam trabalhando para manter os níveis de segurança na maior usina nuclear da Europa, mas a ameaça gerada pela ocupação russa da usina é significativa, diz a Enerhoatom. Observadores afirmam que a usina nuclear pode ter sido minada pelas forças russas.
Guerra entra em "nova fase"
O Exército russo passou a acumular suas tropas mais ao sul na Ucrânia, antes do início de uma contraofensiva por parte de Kiev, enquanto a guerra parece chegar a uma nova fase, afirma relatório de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido divulgado neste sábado.
O Ministério avalia que os combates mais intensos terão um deslocamento para uma faixa de 350 quilômetros a partir de Zaporíjia, mais próxima à região do Donbass, até Kherson, paralelamente ao rio Dnipro.
Zaporíjia é localizada na parte sudeste do mesmo rio, enquanto Kherson é conectada com a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, através de uma rota de grande importância estratégica.
O relatório afirma que longos comboios de caminhões militares, tanques, reboques de artilharia e outros armamentos continuam a se afastar da região do Donbass rumo ao sudeste.
"Há também registros de equipamentos sendo transportados das cidades ocupadas de Melitopol, Berdiansk e Mariupol e do território da Rússia até a Crimeia através da ponte Kerch."
A inteligência britânica afirma que forças ucranianas no sul do país tentam interromper as linhas de abastecimento das tropas russas, ao danificar ou destruir infraestruturas como estradas e pontes.
Rússia relata morte de 600 soldados inimigos
O Ministério russo da Defesa afirmou neste sábado que suas tropas mataram quase 600 soldados ucranianos e aliados, incluindo mais de 80 "mercenários estrangeiros" em ataques aéreos e de artilharia nos últimos dias, nas regiões de Kherson e Dnipropetrovsk.
O Kremlin também disse ter destruído vários sistemas de artilharia ucranianos, incluindo lançadores múltiplos de mísseis Himars, fornecidos pelos Estados Unidos. Relatos semelhantes feitos anteriormente por Moscou foram negados por Kiev e Washington.