Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ataques sofisticados acendem alerta na segurança digital

Em 2024, mais de 160 mil brasileiros tiveram dados vazados. Entenda como ataques cibernéticos estão se tornando mais sofisticados e ameaçando empresas e consumidores.

Segunda, 28 de Julho de 2025 às 14:02, por: CdB

Em 2024, dezenas de instituições brasileiras sofreram vazamentos de dados. Só entre fevereiro e setembro, mais de 160 mil pessoas tiveram informações expostas.

Por Redação, com Byte – de São Paulo

Os ataques cibernéticos deixaram de ser obra de hackers solitários e ganharam escala industrial. De um lado, criminosos armados com ferramentas de inteligência artificial (IA) cada vez mais sofisticadas. Do outro, empresas e governos tentando conter as invasões em tempo real, com a mesma tecnologia. No meio disso tudo, o consumidor comum: o elo mais frágil dessa guerra silenciosa.

Ataques sofisticados acendem alerta na segurança digital | Avanço dos ataques digitais desafia sistemas de proteção
Avanço dos ataques digitais desafia sistemas de proteção

Vazamentos em massa e golpes personalizados

Em 2024, dezenas de instituições brasileiras sofreram vazamentos de dados. Só entre fevereiro e setembro, mais de 160 mil pessoas tiveram informações expostas em empresas como Fidúcia, IUGU, BTG Pactual, Qesh, 99Pay e Sabesp. “Esses são apenas os casos tornados públicos. Muitas empresas não divulgam ou sequer detectam os vazamentos”, afirma Pereira.

Os dados roubados — documentos, comprovantes, selfies e até senhas — são usados em golpes como fraudes bancárias e empréstimos irregulares. Com ferramentas de IA generativa, criminosos conseguem produzir deepfakes convincentes, com vozes e imagens falsas, e aplicar o mesmo golpe em milhares de pessoas ao mesmo tempo. A vítima, geralmente, nem percebe que está sendo enganada.

– Parece que a IA surgiu agora com o ChatGPT, mas o uso de redes neurais e algoritmos em fraudes é antigo. A diferença é que agora ela se popularizou, inclusive entre os fraudadores – diz Pereira.

Empresas também são alvo, e muitas só reagem depois do prejuízo

Apesar de os consumidores serem as vítimas mais frequentes, grandes organizações também estão na mira. Vazamentos internos, como o que atingiu mais de 2.500 páginas de documentos do Google, mostram que mesmo gigantes da tecnologia enfrentam dificuldades em conter ataques.

A pandemia também deixou rastros. A adoção apressada do trabalho remoto escancarou brechas de segurança. “Muitas empresas liberaram acessos sem reforçar a infraestrutura. Isso abriu portas para invasões”, afirma Pereira. “Além disso, há falhas humanas, pressa em lançar produtos e falta de separação entre dados sensíveis e dados comuns.”

Muitas só investem em segurança digital depois de sofrer um ataque. “É como instalar alarme após o roubo. Já houve perda de dados, credibilidade e, muitas vezes, prejuízo financeiro”, alerta.

IA na defesa: resposta mais rápida e monitoramento contínuo

Se por um lado a IA amplia o poder de ataque, por outro, ela tem ajudado a reduzir o tempo de resposta a incidentes. Segundo a consultoria McKinsey, empresas que adotaram IA em seus centros de operações conseguiram cortar pela metade o tempo para detectar e conter ameaças.

– A inteligência artificial permite analisar volumes gigantescos de dados em tempo real, identificar padrões anômalos e antecipar riscos – explica Marcel Davila, CTO da p2xPay. Ele acredita que a IA pode transformar a segurança digital de reativa em estratégica, desde que usada com responsabilidade.

– É preciso combinar tecnologia com princípios éticos, legislações como a LGPD e o modelo de confiança zero (‘Zero Trust’), em que nada é confiável por padrão. Tudo precisa ser verificado, o tempo todo.

Como o usuário pode se proteger?

Mesmo com toda a tecnologia, a proteção ainda depende de ações simples do usuário: evitar clicar em links suspeitos, não compartilhar senhas, desconfiar de mensagens com urgência emocional e manter sistemas atualizados. Para quem não é familiarizado com o mundo digital, Pereira sugere uma abordagem mais ampla.

– Temos uma população com alto grau de analfabetismo digital. É preciso investir em educação, campanhas públicas e acessibilidade. Porque, no fim, a fraude só se concretiza se a vítima for enganada.

Segundo ele, o desafio não é apenas técnico, mas também social. “Nessa corrida entre ataque e defesa, quem corre com inteligência — humana e artificial — pode, sim, chegar na frente. Mas precisamos correr juntos.”

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