Embora a dupla conste na lista dos chamados NEAs, asteroides próximos à Terra, e pertença à classe das ameaças perigosas à Terra, não oferecem risco imediato, ao menos nos próximos anos, até séculos, ao planeta. Mas, por ser um astro duplo, é o alvo ideal para o teste da técnica de desvio para o impacto cinético, ou uma “pancada com tudo”, conforme definem os cientistas.
Por Redação, com agências internacionais - de Washington, DC
Está em marcha, a milhões de quilômetros da Terra, a primeira tentativa da humanidade para alterar, forma mensurável, a trajetória de um asteroide. Na segunda-feira, os satélites do projeto UMA Dart (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), da Nasa, promoverá a mudança com o asteroide Dimorfo, de apenas 163 metros. Ele, por sua vez, orbita outro asteroide, Dídimo, de 780 metros.
Embora a dupla conste na lista dos chamados NEAs, asteroides próximos à Terra, e pertença à classe das ameaças perigosas à Terra, não oferecem risco imediato, ao menos nos próximos anos, até séculos, ao planeta. Mas, por ser um astro duplo, é o alvo ideal para o teste da técnica de desvio para o impacto cinético, ou uma “pancada com tudo”, conforme definem os cientistas. Não há detonação de uma ogiva ou nada parecido, mas uma colisão com o máximo de intensidade.
Da mesma forma que os acidentes de trânsito levam normalmente os veículos atingidos a uma mudança de velocidade e trajetória, o mesmo pode ocorrer com os asteroides em questão. Como uma Massa da Pedra Gigante é bem maior do que o satélite artificial, uma variação esperada deverá ficar em torno de 1%, após a colisão. Mas uma mudança da órbita do Dimorfo ao redor de Dídimo tende, ao longo do tempo, alterar a sua assinatura orbital.
Espaço profundo
Essa mudança, no entanto, tende a ocorrer ao longo de dias, semanas. O método, no entanto, poderá ser usado se, no futuro, outro asteróide em rota de colisão com Terra for localizado a tempo. Modelos de cálculos já foram realizados mas, segundo os cientistas, nada pode substituir o teste real.
Um aspecto interessante da missão, que custou US$ 324 milhões (R$ 16 bilhões) para um nave com massa de 570 kg, é que ela será transmitida tão “ao vivo” quanto possível até a aproximação final do alvo. O único instrumento a bordo é a câmera Draco, que registra aproximadamente uma imagem por segundo, enviando à Terra tão rápido quanto possível.
Entre o tempo de captura, processamento, transmissão, viagem pelo espaço, percorrendo os mais de 11 milhões de km que separam a Terra do asteroide e recebimento pelo controle da missão terá passado menos de um minuto em relação aos eventos ocorridos no espaço profundo.
O nanossatélite italiano, LICIACube, que viaja logo atrás do bólido, pretende registrar o momento do impacto, assim como a pluma de material ejetado da superfície do Dimorfo. Mas sua capacidade de transmissão é bem mais modesta, e espera-se apenas duas imagens por dia através dele.