Na capital indonésia, Lula disse que tanto o PIX quanto o sistema similar indonésio têm condições de facilitar não apenas o comércio entre os dois países, mas, também, entre os países que integram o BRICS.
Por Redação, com ABr – de Jacarta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou na Indonésia a possibilidade de uso de moedas locais no comércio entre os dois países. O tema é caro ao líder brasileiro, mas um pesadelo para o mandatário norte-americano, Donald Trump.

Na capital indonésia, Lula disse que tanto o PIX quanto o sistema similar indonésio têm condições de facilitar não apenas o comércio entre os dois países, mas, também, entre os países que integram o BRICS – grupo formado por 11 países-membros e dez parceiros, entre eles o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul.
— No âmbito do BRICS, o PIX brasileiro e o Qris indonésio oferecem modelos de sistemas de pagamentos eficazes e acessíveis, que podem inspirar medidas que facilitarão o comércio em moedas locais entre os países do bloco — abordou o presidente, no encontro com empresários brasileiros e indonésios.
Estratégia
Segundo Lula, esse movimento faz parte de uma “estratégia mais ampla do Brasil de diversificar parcerias e facilitar o comércio”. Mais cedo, durante declaração conjunta de Lula e do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, o tema foi abordado por Lula, com seu posicionamento favorável ao uso de moedas locais para o comércio entre os dois países.
— Nós queremos comércio livre. E, mais ainda: tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de a comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas — afirmou o presidente brasileiro.
Lula enfatizou que esse tipo de “liberdade de uso das próprias moedas” é algo que já deveria ter acontecido.
— O século XXI exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século XX. Exige que a gente mude alguma forma de agir comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém — acrescentou, em uma nova defesa do multilateralismo em oposição ao unilateralismo.
Acordos
Ainda nas últimas 24 horas, Brasil e a Indonésia assinaram uma série de memorandos e acordos de cooperação nas mais diversas áreas. Os presidentes, na coletiva de imprensa concedida durante a tarde, no horário local, disseram ter visões e posicionamentos comuns com relação à situação em Gaza, à necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e sobre o papel do BRICS quanto aos interesses do Sul Global.
Ao confirmar que disputará as eleições presidenciais de 2026, Lula disse que novos encontros, entre ele e o presidente Prabowo Subianto ocorrerão para tornar a relação entre os dois países cada vez mais valorosa. Segundo Lula, os acordos assinados pelos dois chefes de Estado caminham nessa direção, em especial para áreas como agricultura, energia, comércio, educação, defesa, ciência e tecnologia.
O líder brasileiro lembrou, por fim, que nas últimas duas décadas, o comércio entre Brasil e Indonésia cresceu mais de três vezes, passando de US$ 2 bilhões para US$ 6,5 bilhões.
— É quase inexplicável, para as nossas sociedades, como é que dois países importantes no mundo, como Indonésia e Brasil, com quase 500 milhões de habitantes, só tenham um comércio de US$ 6 bilhões. É pouco. Por isso, vamos fazer um esforço muito grande para trabalhar muito para que Indonésia e Brasil se transformem em dois parceiros fundamentais na geografia econômica do mundo — concluiu.