Golpistas foram levados para a superintendência da PF, onde foram identificados. Outras 240 pessoas também devem responder pelos crimes, mas em liberdade.
Por Redação, com RBA - de Brasília
O interventor no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmou nesta terça-feira a desmobilização do acampamento bolsonarista instalado há dois meses no Quartel-General do Exército, em Brasília. De acordo com o interventor e secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, após mais de 36 horas, seguindo as orientações do ministro da pasta, Flávio Dino, as instalações golpistas foram totalmente desmontadas.
Na segunda-feira, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e o Exército cercaram o acampamento bolsonarista para cumprir decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Durante a madrugada de ontem, o magistrado determinou o esvaziamento do local. Os extremistas estavam acampados desde o fim do segundo turno, em outubro, que garantiu a vitória de Lula, não só em Brasília, mas em outras cidades do país. No Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre os acampamentos também foram aos poucos sendo desmobilizados nesta segunda pelas forças de segurança.
Além do desmonte das instalações do acampamento bolsonarista, a polícia também cumpriu a ordem para identificar e prender os criminosos que participaram dos atos de terrorismo na capital federal, ao longo do domingo, e estavam no acampamento. Mais de 1.200 pessoas foram levadas em dezenas de ônibus para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília para triagem. De acordo com Cappelli, cerca de mil delas, que atentaram contra o Estado democrático de direito, foram identificadas.
Enquadrados pela lei
Ontem, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realizou visita à Academia Nacional de Polícia para verificar as condições estruturais e o tratamentos da PF aos radicais terroristas. Há ainda pouco mais de 240 bolsonaristas que devem responder futuramente pelos crimes cometidos. O grupo, no entanto, segundo a PF, foi colocado em liberdade “por questões humanitárias”.
Entre eles, há idosos, mulheres grávidas ou com bebês e crianças pequenas e pessoas com doença crônicas que exigem atenção profissional, conforme descreveu a instituição. Todos os identificados, contudo, poderão responder por ao menos cinco crimes, de dano ao patrimônio público da União, contra o patrimônio cultural, associação criminosa, abolição violenta do Estado de direito e golpe de Estado.
As imagens mostram que os bolsonaristas não só reivindicavam um golpe de Estado, o que é crime no Brasil, como depredaram patrimônio histórico da humanidade, assim classificado pela Unesco, em todos os prédios da Praça dos Três Poderes. Na invasão da Esplanada, eles ainda quebraram vidraças e destruíram documentos do Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e Palácio do Planalto. “A lei será cumprida”, publicou o interventor na manhã desta terça.
Troca no comando da PMDF
Na noite de segunda, o interventor federal também anunciou a troca do comandante-geral da PM do DF. O coronel Klepter Rosa Gonçalves assumirá, a partir de hoje, no lugar do coronel Fábio Augusto. A troca se soma à exoneração do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. Por determinação do STF, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por 90 dias. No lugar dele, assumiu Celina Leão (PP), vice-governadora.
Força nacional
Nesta terça, a capital federal também passa a contar com a força policial do Ceará, Bahia, Piauí, Alagoas, Rio Grande do Norte, Maranhão, Goiás e Rio Grande do Sul. De acordo com portaria, publicada na edição desta terça-feira do Diário Oficial da União, as PMs desses oito estados passarão a integrar a Força Nacional de Segurança Pública. O objetivo, de acordo com o ministro Flávio Dino, é “pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública em Brasília”.
A portaria também define que caberá ao secretário nacional de Segurança Pública da pasta e ao comandante da Força Nacional adotar as providências “visando à efetivação da medida”. O prazo de atuação dos policiais militares é de até o dia 31, seguindo o decreto assinado pelo presidente Lula.