Em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, ainda há muitas dúvidas em relação aos próximos passos.
Por Redação – de Brasília
Reunido nestas terça e quarta-feiras, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) passa a definir a nova taxa básica de juros (Selic) do país. Entre os analistas do mercado financeiro, é praticamente unânime a expectativa de um aumento de 0,5 ponto porcentual, para 11,25%, segundo pesquisa da agência norte-americana de notícias Bloomberg.
Em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, ainda há muitas dúvidas em relação aos próximos passos. Alguns economistas têm falado em juros cada vez mais altos para que o BC consiga trazer a inflação para a meta.
Tempo hábil
Um deles é a chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do BNP Paribas, Fernanda Guardado. Ela acredita que a taxa básica de juros terá de ir a 12,75% ao ano para que o BC consiga levar a inflação à meta de 3% “em meados de 2026″. Na revisão de cenário divulgada na semana passada, o banco passou a prever quatro altas seguidas de 0,50 ponto porcentual na Selic.
— Já há bastante tempo, projetamos que o Banco Central, nessa reunião de novembro, vai acelerar o ritmo para 0,50 ponto porcentual. Acreditamos que eles vão fazer isso em novembro e em dezembro para garantir, com esse ritmo um pouco mais forte, que a política monetária aja no tempo hábil para trazer a inflação de volta para a meta em meados de 2026. Nós víamos que o ciclo continuaria até março. E nós ainda vemos. Mas agora esperamos que esse ritmo de 0,50 se repita também em janeiro e em março — disse Guardado, que foi também diretora do BC.
Pacote
Na projeção do BNP, a Selic chegará a 12,75% em março de 2025 e permanecerá nesse patamar até a reunião de dezembro, quando haverá um corte de 0,50 ponto porcentual, encerrando o ano em 12,25%. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano. Em seu último encontro, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu uma alta de 0,25 ponto porcentual – foi o primeiro aumento do terceiro mandato do governo Lula.
Sobre a incerteza fiscal que contribuiu para a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, Fernanda vê com bons olhos a possibilidade de a equipe econômica anunciar um pacote de contenção de gastos. “Se o governo, de fato, anunciar um pacote nesse sentido, acho que tem o potencial para diminuir um pouco essa desconfiança em relação ao futuro da política fiscal”, concluiu.