Ambientalistas são presos após invadirem terminal com faixas e bicicletas, em protesto contra dano climático do tráfego aéreo. Ministro diz que ações do grupo se tornam "cada vez mais inescrupulosas".
Por Redação, com DW - de Berlim
Ambientalistas bloquearam o principal aeroporto de Berlim por quase duas horas na quinta-feira após invadirem as duas pistas de pouso e decolagem.
Os membros do grupo Letzte Generation (última geração, em português) transmitiram ao vivo seu protesto no Twitter, mostrando alguns deles se colando ao asfalto e outros andando de bicicleta na área do aeroporto Berlim-Brandenburgo (BER), situado ao sul da capital alemã.
A polícia disse que cada grupo que entrou no local era formado por várias pessoas, embora não forneça números exatos. Vários foram presos após a ação. Eles deverão ser acusados por interferência perigosa no tráfego aéreo, invasão e danos à propriedade, segundo as autoridades.
A filmagem divulgada no Twitter mostra os ativistas cortando uma cerca. Eles então erguem faixas e explicam seu protesto, destinado a chamar atenção para os danos climáticos causados pelo tráfego aéreo.
A ação fez com que pousos e decolagens fossem paralisados por quase duas horas, novamente liberados às 18h15 locais (14h15 no Brasil).
O grupo afirmou que pouco antes de entrar nas instalações do aeroporto informou a polícia sobre seus planos por meio de um telefonema.
Críticas às ações do grupo
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O ministro alemão dos Transportes, Volker Wissing, disse na quinta-feira que os protestos do grupo estão se tornando "cada vez mais inescrupulosos" e que "a sociedade não pode mais aceitar tal comportamento".
A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, afirmou que a ação é "absolutamente inaceitável" e que contribui para destruir "a importante aceitação social para a luta contra a mudança climática".
O vice-líder do Partido Verde no Bundestag, Konstantin von Notz, criticou a ação dos ativistas e a definiu como "contraproducente, presunçosa e potencialmente perigosa".
A ex-diretora do Greenpeace Jennifer Morgan, atualmente secretária especial para o clima do Ministério do Exterior alemão, disse a jornais do grupo Funke-Mediengruppe que protestos sobre as mudanças climáticas não deveriam ter um impacto negativo na vidas das pessoas. "Todo compromisso com a proteção climática deve estar de acordo com as leis de nossa democracia", disse.
Já o líder do partido Die Linke (A Esquerda), Martin Schirdewan, disse que as ações do Letzten Generation eram controversas, "mas também botavam o dedo na ferida da inação política diante da catástrofe climática".