Uma semana após chegada do Talebã, Berlim envia helicópteros para ajudar retirada. Itamaraty tenta resgatar dois brasileiros. Bebê entregue a soldado americano no muro do aeroporto volta ao pai.
Uma semana após chegada do Talebã, Berlim envia helicópteros para ajudar retirada. Itamaraty tenta resgatar dois brasileiros. Bebê entregue a soldado americano no muro do aeroporto volta ao pai.
Por Redação, com DW - de Berlim
A situação no aeroporto da capital afegã ainda é "extremamente confusa", de acordo com uma nota da embaixada alemã em Cabul. O comunicado informa sobre os voos para retirar cidadãos e relata que situações perigosas e confrontos armados nos portões do local são cada vez mais comuns.
Situação no aeroporto de Cabul complica operações de retirada
A nota diz que o acesso ao aeroporto não é garantido em todos os momentos e, devido à situação, não é possível fornecer informações com antecedência sobre quando os portões serão abertos. Os militares americanos decidem sobre a abertura e o fechamento dos portões, dependendo da situação.
Cenas dramáticas continuam ocorrendo no aeroporto de Cabul. Depois que o Talebã assumiu o poder, os afegãos estão tentando desesperadamente entrar no lugar e embarcar em aviões para sair do país.
Helicópteros alemães
A embaixada alemã afirma ainda que não pode fornecer transporte para pessoas chegarem ao aeroporto, ressaltando que o trajeto até o local é por conta e risco de cada um.
A situação fez com que as forças norte-americanas utilizassem três helicópteros para levar 169 pessoas até o aeroporto. Segundo o Pentágono, elas foram retiradas de um hotel nos arredores da base aérea. A operação não teria sido possível de ser realizada por terra devido "à grande multidão" diante do aeroporto.
A Alemanha também enviou dois helicópteros militares a Cabul para apoiar os resgates. O Ministério da Defesa alemão anunciou que as aeronaves chegaram ao Afeganistão neste sábado e devem ajudar a "ampliar o campo de ação", sendo usadas para resgatar cidadãos alemães ou funcionários locais em risco. A Bundeswehr transportou cerca de 1,9 mil pessoas de Cabul, as últimas 172 na madrugada de sexta-feira e outras sete na madrugada deste sábado.
"Ponte aérea difícil"
De acordo com o presidente americano, Joe Biden, o Exército dos EUA resgatou cerca de 13 mil pessoas desde o último sábado. Nesse ínterim, os Estados Unidos tiveram que interromper seus voos de resgate de Cabul para o Qatar devido ao esgotamento das capacidades para receber pessoas do Afeganistão.
Agora, a Base de Ramstein da Força Aérea dos Estados Unidos na Alemanha deve passar a ser usada como um centro para resgate de pessoas.
Biden prometeu resgatar todos os norte-americanos do Afeganistão. "Vamos levá-los para casa", disse Biden na Casa Branca. Ele fez promessa semelhante em relação a equipes locais de afegãos. Mas acrescentou que essa é "uma das maiores e mais difíceis pontes aéreas da história".
Bebê volta ao pai
Um bebê que foi entregue a soldados norte-americanos sobre uma cerca de arame farpado no aeroporto da capital afegã está de volta com seu pai após receber tratamento médico.
– O pai pediu aos fuzileiros navais que cuidassem do bebê porque ele estava doente – disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, ao comentar na sexta-feira o episódio, que foi capturado em vídeo, disseminado nas redes sociais e causou compaixão ao redor do mundo.
O soldado norte-americano puxou a criança por cima do muro e a levou a um hospital norueguês nas instalações do aeroporto. O vídeo mostra o soldado entregando o bebê para outro soldado.
– Eles trataram a criança e a devolveram ao pai – disse Kirby. Ele falou de um "ato de compaixão" por parte dos soldados norte-americanos.
O porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos não soube dizer onde o bebê e seu pai estão agora. Ele também não sabe se o pai é um funcionário local que colaborava com os militares norte-americanos e que agora está solicitando um visto especial para os EUA.
Cinco brasileiros no país
Cinco brasileiros estão no Afeganistão e dois deles manifestaram a intenção de deixar o país, segundo informação do Ministério das Relações Exteriores citada pelo portal G1 na sexta-feira. O órgão, entretanto, não forneceu informações sobre os três demais.
O ministério assegura que os brasileiros que necessitem receberão apoio e diz que está encaminhando um acordo com países que têm conduzido operações de resgate no país, para possibilitar a inclusão dos brasileiros em algum dos voos.