A irmã do estudante disse que ele tinha autismo e descartou qualquer envolvimento do rapaz com criminosos.
Por Redação, com agências de notícias - do Rio de Janeiro
Um jovem de 14 anos morreu durante confrontos na Praça Seca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O corpo de Allan dos Santos Gomes foi sepultado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte, nesta quarta-feira.
A irmã do estudante disse que ele tinha autismo e descartou qualquer envolvimento do rapaz com criminosos.
– O caveirão subiu atirando contra todo mundo, matou meu irmão que só tinha 14 anos. Ele soltou a mão do meu pai e tomou um tiro. O que vou falar para minha filha de 4 anos que brincava com ele dentro de casa o tempo todo? Meu irmão era autista, ele tinha problemas.
Na terça-feira, a Polícia Militar fez uma operação na comunidade da Chacrinha, que é alvo de disputas entre milicianos e traficantes. Durante um tiroteio, Tamires Queiroz, de 27 anos, foi baleada quando passava pela avenida Cândido Benício. Ela foi socorrida ao Hospital Lourenço Jorge e apresenta Estado de saúde estável.
Segundo moradores, já são quatro dias de confrontos no bairro. Segundo o aplicativo Fogo Cruzado, a Praça Seca já registrou 12 tiroteios em 2019.
Protesto
A morte do segundo policial militar (PM) gerou protesto da organização não governamental (ONG) Rio de Paz, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul da cidade. Cartazes com as fotos dos policiais mortos e textos sobre as circunstâncias dos crimes foram afixados na grade que separa a lagoa da ciclovia, chamando a atenção de motoristas e ciclistas que passavam pelo local.
O soldado Daniel Henrique Mariotti morreu durante um assalto, sábado à noite, na Linha Amarela, e o soldado Miqueias Marinho Ribeiro morreu na manhã de segunda-feira, quando saia da casa de seu pai, em Engenheiro Pedreira, Japeri. O ato foi organizado pelo coordenador da ONG, Antônio Carlos Costa, que defende os direitos humanos para qualquer cidadão, "seja ele fardado ou não", como faz questão de frisar.
– O apelo ao governo é que o Estado ofereça melhores condições de trabalho a esses profissionais. Ampare suas famílias, quando eles são mortos. Que as operações policiais nas favelas sigam critérios de inteligência. E que o peso da segurança pública não esteja apenas sobre os ombros dos policiais. As demais secretarias de estado têm que estar envolvidas. Tem que haver um discurso de combate à desigualdade social, pois a miséria está por trás dessa tragédia toda – disse Costa.
Ele acrescentou que, em algum momento, a sociedade brasileira vai ter que discutir se vale a pena continuar com a chamada guerra às drogas, que vitima pessoas de ambos os lados e produz uma multidão carcerária, ou se é melhor liberar o consumo, como têm feito vários países e alguns estados dos Estados Unidos.
O governador Wilson Witzel foi ao sepultamento de Mariotti no domingo e depois disse, em entrevista à imprensa, que será implacável com o crime organizado. No ano passado, 95 policiais militares foram mortos no estado do Rio, tanto os que estavam em serviço quanto os que estavam de folga.