Acordo nuclear com o Irã entra em vigor na próxima semana
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Segunda, 13 de Janeiro de 2014 às 08:35, por: CdB
Autoridades dos Estados Unidos, da União Europeia e do Irã anunciaram que o acordo assinado com Teerã, para congelar seu programa nuclear, entrará em vigor a partir do dia 20 de janeiro. O acordo, alcançado em novembro, prevê que o Irã permita o acesso de inspetores nucleares ao país e suspenda parte de seu programa de enriquecimento de urânio.
Em troca, potências internacionais vão amenizar algumas das sanções internacionais impostas à Teerã.
O Irã sempre negou que seu programa tivesse como objetivo obter armas nucleares, alegando que a única finalidade é suprir a demanda de energia do país.
Autoridades do alto escalão do governo americano disseram à BBC que entre os principais pontos que foram acordados nas últimas seis semanas dizem respeito à maneira como os inspetores receberão autorização para visitar as instalações nucleares do Irã. Segundo eles, os resultados do acordo envolvem:
- O Irã vai começar a diluir seu estoque de urânio enriquecido a 20% a partir de 20 de janeiro
- Todo o urânio desse tipo será destruído em seis meses
- Será permitido o acesso diário ao centro de enriquecimento de urânio na cidade de Qom
- Inspeções mensais serão autorizadas no reator de Arak
Alerta e ameaça
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, celebrou o anúncio, mas disse que ainda há muito trabalho a ser feito até que se alcance um acordo a longo prazo o tratado entrará em vigor na próxima semana de forma interina.
- A partir do dia 20 de janeiro, o Irã vai, pela primeira vez, começar a eliminar seu estoque de urânio enriquecido e a desmantelar parte da infraestrutura que torna esse enriquecimento possível - disse.
No entanto, em um alerta ao Congresso americano, Obama afirmou que durante as negociações ele vetará qualquer legislação que busque impor novas sanções a Teerã.
- Mas se o Irã não cumprir suas obrigações no acordo, vamos intensificar as sanções.
Menos quantidade e mais qualidade
A chefe da política externa da União Europeia, Catherine Ashton, disse que as potências mundiais iriam pedir que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acompanhasse a implementação do acordo.
Nas negociações, Catherine representa os cinco membros permanente do Conselho de Segurança da ONU EUA, Rússica, França, China e Grã-Bretanha além da Alemanha.
- Foram criadas as fundações para uma implementação coerente e robusta de um plano conjunto de ação para os próximos seis meses - disse.
Como contrapartida por congelar o enriquecimento e neutralizar o estoque de urânio, o Irã vai ser beneficiado pela suspensão de parte das sanções internacionais, especialmente no que diz respeito ao setor automotivo, de metais preciosos e petroquímico do país.
O negociador para a questão nuclear do Irã, Abbas Araqchi, disse que o país não vai reduzir o trabalho em termos de pesquisa e desenvolvimento, mas iria interromper as ampliações nas instalações nucleares.
- Por exemplo, Nenhuma nova centrífuga será implementada. Não vamos expandir a quantidade do nosso programa, mas vamos expandir a qualidade.
O secretário de Estados dos EUA, John Kerry, disse que a implementação do acordo era um passo importante, mas alertou para a relevância da próxima fase, que traz um “desafio ainda maior” para se criar um pacto mais definitivo.
- As negociações serão muito difíceis, mas elas são a melhor chance que temos para resolver esse grave problema de segurança nacionais de uma maneira pacífica e durável.